Chuvas torrenciais provocam “tsunami” de terra no Japão, 80 pessoas estão desaparecidas
Durante três dias, choveu mais do que a média esperada para Julho. Já foram confirmadas quatro mortes e 25 pessoas foram resgatadas
As autoridades japonesas avançaram esta segunda-feira que duas pessoas foram encontradas com vida e sem ferimentos, aumentando para 25 o número de pessoas resgatadas, depois de chuvas torrenciais terem provocado após um deslizamento de terra numa zona residencial da cidade de Atami. As equipas de salvamento contam com mais de mil pessoas para tentar encontrar os 80 residentes que ainda estão desaparecidos.
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As autoridades japonesas avançaram esta segunda-feira que duas pessoas foram encontradas com vida e sem ferimentos, aumentando para 25 o número de pessoas resgatadas, depois de chuvas torrenciais terem provocado após um deslizamento de terra numa zona residencial da cidade de Atami. As equipas de salvamento contam com mais de mil pessoas para tentar encontrar os 80 residentes que ainda estão desaparecidos.
Atami, a cerca de 90 quilómetros de Tóquio, localizada numa encosta e conhecida pelas suas águas termais, foi atingida por chuvas torrenciais no fim-de-semana. Durante três dias, choveu mais do que a média esperada para o mês de Julho.
O solo acabou por ceder e seguiu-se uma sucessão de deslizamentos de terra, juntamente com correntes de lama e pedras, destruindo casas – mais de 100 ficaram afectadas ou destruídas – e submergindo estradas.
“O deslizamento de terra parecia um tsunami: parecia uma grande onda que fazia um ruído estrondoso e desabou no solo”, disse Yuji Shima, um residente que perdeu a casa, citado pela CNN. “O chão estremeceu e os postes de electricidade abanavam”, continuou.
O primeiro-ministro japonês Yoshihide Suga, disse que a polícia, os bombeiros e militares foram enviados para tentar “salvar o máximo possível de vítimas enterradas no entulho”, disse. Na segunda-feira, o número de membros das equipas de salvamento subiu para 1500, avançaram os responsáveis.
Segundo o porta-voz de Atami, Horiko Onuma, já foram confirmadas quatro mortes e 25 pessoas foram resgatadas. Já o número de pessoas desaparecidas desceu de 113 para 80. Mas as autoridades alertaram que parte dos desaparecidos podia não estar na localidade aquando do incidente.
“A minha mãe continua desaparecida”, disse um homem à emissora japonesa NHK, acrescentando que nunca esperou que “algo como isto pudesse acontecer”.
Um residente de 75 anos, que conseguiu sair de casa, descreveu a situação como um “inferno”. Adiantou ainda que a casa que ficava em frente à sua tinha sido engolida e o casal que lá vivia ainda não foi encontrado.
Embora a chuva tenha parado, espera-se que continue durante a semana, e com os solos saturados e enfraquecidos, até um aguaceiro pode provocar mais danos. As autoridades pedem, por isso, que a população fique atenta contra futuros deslizamentos e inundações.
O líder do governo da província de Shizuoka, Heita Kawakatsu, avançou que as autoridades devem investigar se os projectos de construção na área reduziram a capacidade da montanha de reter a água, causando o deslizamento.
Não só Atami é um local propenso a deslizamentos, como também grande parte do território do Japão, que contabilizou uma média anual de 1500 deslizamentos na última década. Este valor representa um aumento de quase 10% comparando com os 10 anos anteriores, segundo um relatório de 2020 do Governo japonês.
Segundo o New York Times, este aumento deve-se ao impacto das alterações climáticas, influenciando o maior volume de chuva no país e, consequentemente, o aumento de inundações e deslizamentos.