“Número dois” da Aurora Dourada detido após nove meses em fuga
Christos Pappas foi condenado a 13 anos de prisão em Outubro, e estava desaparecido desde então. Foi preso em Atenas.
O “número dois” do partido neonazi grego Aurora Dourada, Christos Pappas, 60 anos, foi preso esta quinta-feira em Atenas. Considerado o “ideólogo” do partido, com o nazismo, que admirava, foi condenado em Outubro do ano passado, junto com toda a liderança do partido de extrema-direita da Grécia, pelo assassínio do rapper de esquerda Pavlos Fyssas e pela agressão a um grupo de pescadores egípcios, em 2013.
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O “número dois” do partido neonazi grego Aurora Dourada, Christos Pappas, 60 anos, foi preso esta quinta-feira em Atenas. Considerado o “ideólogo” do partido, com o nazismo, que admirava, foi condenado em Outubro do ano passado, junto com toda a liderança do partido de extrema-direita da Grécia, pelo assassínio do rapper de esquerda Pavlos Fyssas e pela agressão a um grupo de pescadores egípcios, em 2013.
Depois da sentença, Pappas fugiu e esteve escondido até esta quinta-feira, quando foi detido por uma unidade anti-terrorismo da polícia num apartamento num rés-do-chão na zona de Zografou, em Atenas. Foi logo levado a tribunal e daí à prisão para cumprir uma pena de 13 anos.
O seu advogado disse, em Outubro, que Pappas não se entregou porque estava convicto de que a sua condenação seria revertida no recurso. A sua fuga enquanto estava vigiado pela polícia foi um embaraço para as autoridades.
Não foi, no entanto, o único a tentar escapar à prisão: também Ioannis Lagos, que foi eurodeputado do partido, tentou evitar a prisão invocando imunidade diplomática, mas foi preso em Bruxelas em Abril, e extraditado para a Grécia no mês seguinte.
Pappas foi um dos fundadores da Aurora Dourada, criada nos anos 1980, sendo ainda amigo próximo do líder, o “Führer grego” Nikos Michaloliakos. O pai de Pappas era um oficial do Exército que ajudou a orquestrar o golpe de 1967, que levou a sete anos de ditadura militar na Grécia.
A Aurora Dourada ganhou relevância nacional em 2012, com a crise económica na Grécia. Foi aí que conseguiu 7% dos votos, correspondentes a 21 deputados, depois de uma campanha baseada num discurso anti-imigração e de segurança. Na mesma altura, aumentaram ataques a activistas de esquerda e imigrantes, com suspeições de que se tratava de membros do partido que levavam a cabo a violência.
A ligação do partido à violência ficou provada no caso da morte de Fyssas: os políticos da Aurora Dourada lideravam uma organização criminosa, segundo o veredicto.
A investigação ao partido mostrou que este operava como um grupo paramilitar, com ordens dadas pela liderança a organizações de bairro e a grupos locais que depois levavam a cabo ataques violentos contra estrangeiros: havia um padrão de ataques de grupo, muitas vezes em motas, por vezes com cães, de cara tapada, com bastões ou outros objectos.
Mesmo depois da morte de Fyssas, o partido teve um bom resultado eleitoral, chegando a ser a terceira força política da Grécia. Entre 2012 e 2019, foi um dos partidos mais extremistas e violentos e com maior sucesso na Europa.
Mas em 2019, já com o processo judicial a decorrer, com problemas de financiamento, divisões internas e saídas, a Aurora Dourada não conseguiu chegar aos 3%, o mínimo necessário para ter representação parlamentar.
No processo de Outubro, foram condenados 68 membros do partido, incluindo 18 deputados.