Vila de Rei e os seus encantos por descobrir
Parece-me que em Portugal, de Norte a Sul, podemos encontrar um pouco de tudo, sem serem necessárias grandes deslocações. O leitor Daniel Pereira resume a sua descoberta de Vila de Rei, Castelo Branco.
Terminado o jantar, as malas prontas e o carro carregado, era hora de partir para mais uma viagem até Vila de Rei, no distrito de Castelo Branco. É costume passar parte das minhas férias de Verão, com a minha mãe, numa aldeia desse município, terra natal dos meus avós, e nesse ano não foi diferente.
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Terminado o jantar, as malas prontas e o carro carregado, era hora de partir para mais uma viagem até Vila de Rei, no distrito de Castelo Branco. É costume passar parte das minhas férias de Verão, com a minha mãe, numa aldeia desse município, terra natal dos meus avós, e nesse ano não foi diferente.
Os dias estavam bastante quentes, pelo que, ali, no centro geodésico do país e na ausência de mar, não podia deixar de me refrescar nas praias fluviais do rio Zêzere. De manhã, antes da chegada dos banhistas, era possível ver os peixes a saltar na água, que reflectia os montes verdes. Contudo, não pretendia ficar-me exclusivamente pelas praias, pois tinha também como objectivo dedicar alguns momentos à minha paixão pela fotografia. Assim, aproveitei para dar alguns passeios, não só no centro da vila e nas aldeias vizinhas mas também pelo meio da natureza.
Embora também por eles tenha passado, não gosto de ver apenas os sítios bonitos e famosos do roteiro, visitados por todos, como o trilho das cascatas, o picoto, aldeias do xisto, miradouros, entre outros. Ao contrário, procuro encontrar locais menos conhecidos, cuja beleza passa muitas vezes despercebida. Foi o caso de umas pequenas quedas de água, com as quais me deparei junto às ruínas de um velho lagar, ao seguir o curso de água de uma ribeira, e que até então desconhecia. Esta foi apenas uma das muitas caminhadas que fiz por aqueles trilhos de terra batida, na minha própria companhia. Acho incrível a sensação de tranquilidade que é proporcionada ao caminhar sozinho, de câmara na mão, pelo meio dos montes, enquanto se escuta o cantar dos pássaros e observa a natureza em redor. Infelizmente, algumas daquelas ladeiras haviam ardido nos incêndios florestais que todos os anos costumam deflagrar na zona, ainda que muitas delas estivessem já a renascer das cinzas.
As noites eram agradáveis, o que permitia que jantássemos no espaço exterior da casa e déssemos, de seguida, uma volta pela aldeia. Por vezes, ia até fotografar o belo céu estrelado, quando este estava livre de nuvens.
Uma vez mais, não me limitei a frequentar praias fluviais ou andar pelos montes, já que, sendo aquela uma região repleta de história, consegui ainda visitar alguns museus e edifícios históricos, como a casa onde viveu o Patriarca das Índias Orientais, devoluta nessa altura. Para além disso, aproveitei ainda para praticar o meu hobby, a exploração de locais abandonados, tendo descoberto sobretudo antigas casas rústicas, humildes e tipicamente portuguesas, que preservavam ainda no seu interior as memórias de quem noutros tempos lá vivera, actualmente cobertas de pó e degradadas pelo tempo.
Parece-me que em Portugal, de Norte a Sul, podemos encontrar um pouco de tudo, sem serem necessárias grandes deslocações. Neste caso, apesar de o meio rural nem sempre ser o destino predilecto, Vila de Rei proporcionou-me umas óptimas férias, como é habitual.
Daniel Pereira