Aumento de casos a norte indica que S. João foi “fenómeno de supertransmissão”
“Tudo indica ter havido um fenómeno de supertransmissão na semana passada com especial incidência no Porto e arredores”, diz o epidemiologista Óscar Felgueiras.
O crescimento “muito acentuado” do número de novos casos de infecção pelo SARS-CoV-2 a norte, com “incidência no Porto e arredores”, indica ter havido um “fenómeno de supertransmissão”, nomeadamente os festejos do S. João, revelou esta quinta feira Óscar Felgueiras, especialista em epidemiologia da Universidade do Porto.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O crescimento “muito acentuado” do número de novos casos de infecção pelo SARS-CoV-2 a norte, com “incidência no Porto e arredores”, indica ter havido um “fenómeno de supertransmissão”, nomeadamente os festejos do S. João, revelou esta quinta feira Óscar Felgueiras, especialista em epidemiologia da Universidade do Porto.
“Tudo indica ter havido um fenómeno de supertransmissão na semana passada com especial incidência no Porto e arredores”, afirmou o especialista em epidemiologia da Universidade do Porto, apontando os festejos da noite de S. João (de 23 para 24 de Junho) como a possível data de ocorrência.
Óscar Felgueiras afirma que a situação será “mais perceptível” nos próximos dias, mas que o índice de transmissibilidade, o R(t), poderá atingir o “máximo do último ano” na região.
“O ritmo de crescimento será próximo ou superior ao máximo do último ano, que se registou em Outubro, com o R(t) a atingir 1,30”, salienta.
Segundo o especialista, é expectável que o número de novos casos de infecção pelo SARS-CoV-2 “aumente durante as próximas duas semanas” e se alastre a toda a região norte, ainda que na última semana 16 concelhos, maioritariamente do interior, não tenham registado novos casos.
“Neste momento, no país, a situação ainda é dominada pelo que se passa no sul, em particular na região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT), mas essa assimetria vai começar a esbater-se”, adianta.
A par de restrições às actuais medidas de desconfinamento, Óscar Felgueiras diz acreditar que o número de pessoas com a vacinação completa na região norte pode “ajudar particularmente na contenção das hospitalizações”, referindo ainda assim que estas vão aumentar.
Óscar Felgueiras afirma ainda não ser possível “estimar quando vai ocorrer o pico de transmissão” e que, para já, não há qualquer evidência de uma eventual paragem da subida do número de novos casos. “Não é espectável que a situação se inverta para já”, salienta.
Na terça-feira, em declarações à Lusa, o director da Unidade Autónoma de Gestão (UAG) de Urgência e Medicina Intensiva do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ) afirmou que aquele recurso sofreu “em poucos dias” um aumento de 40% de casos suspeitos de covid-19, padrão que considerou "explosivo e muito preocupante".
À Lusa, o médico mostrou preocupação com as repercussões dos festejos de S. João no Porto e relatou que têm recorrido ao Serviço de Urgência pessoas de outras nacionalidades, uma população que esta quinta-feira o médico descreveu como “sensível do ponto de vista social” e que “está a ser afectada por esta crise”.
Já na quarta-feira, em declarações aos jornalistas, Nelson Pereira afirmou ainda que o aumento do número de pessoas que testam positivo à covid-19 mostra que a pandemia está a progredir no Norte.
“Neste momento já não podemos negar que estamos numa quarta vaga, de características diferentes, mas real. É o momento de todas as estruturas se coordenarem e verificarem os seus planos de contingência”, alertou o médico.