Clube da Felicidade: a nova série de Carlos Coutinho Vilhena é um retiro pela criatividade
Um humorista sem ideias decide que a solução para encontrar criatividade passa pela mudança da cidade para uma aldeia comunitária. Depois do sucesso de “O resto da tua vida”, Carlos Coutinho Vilhena apresenta o Clube da Felicidade, um documentário biográfico de um jovem à procura de um novo propósito. Estreia-se esta quarta-feira no YouTube.
“O que é que vem a seguir?”: esta é uma pergunta que Carlos Coutinho Vilhena faz a si próprio várias vezes e que o levou a lançar-se num “documentário biográfico com músicas de fundo”, como o próprio o caracteriza. Depois do sucesso de O resto da tua vida (2019), onde o humorista contava a história de um jovem actor, João André, prometendo voltar a trazer-lhe sucesso profissional, Carlos Coutinho Vilhena chega a um ponto em que fica sem ideias para o projecto seguinte. O Clube da Felicidade estreia-se esta quarta-feira, 30 de Junho, no YouTube, e é o retrato da luta individual de um artista à procura de criatividade.
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“O que é que vem a seguir?”: esta é uma pergunta que Carlos Coutinho Vilhena faz a si próprio várias vezes e que o levou a lançar-se num “documentário biográfico com músicas de fundo”, como o próprio o caracteriza. Depois do sucesso de O resto da tua vida (2019), onde o humorista contava a história de um jovem actor, João André, prometendo voltar a trazer-lhe sucesso profissional, Carlos Coutinho Vilhena chega a um ponto em que fica sem ideias para o projecto seguinte. O Clube da Felicidade estreia-se esta quarta-feira, 30 de Junho, no YouTube, e é o retrato da luta individual de um artista à procura de criatividade.
“Será que aquele foi o pico do sucesso profissional? E agora? É para ser feliz a fazer isto ou não?”: estas são algumas das questões que conduziram aos primeiros episódios da série. “Depois da conquista vem a vertigem de falhar, o bloqueio, a síndrome do impostor, o ‘estou quase a ter uma ideia’ que nunca vem”, pode ler-se na sinopse já divulgada. Gravado nos últimos dois anos, o documentário promete afastar-se do enredo do último trabalho do humorista, contando uma história na primeira pessoa: a de um jovem com falta de criatividade. “Podem esperar um documentário honesto sobre o que foi a minha vida nos últimos dois anos”, conta Carlos Coutinho Vilhena, em entrevista ao P3.
“Não estou tão preocupado que não tenha a popularidade que teve O resto da tua vida porque a premissa era bastante mais sensacionalista”, diz o comediante de 28 anos. A certa altura, a série (um sucesso de visualizações e que levou Carlos Coutinho Vilhena e João André a percorrerem o país com um espectáculo ao vivo) fazia-nos questionar onde acabava a ficção e começava a realidade.
É essa incerteza que o comediante gosta de provocar no público. Esse aspecto começa logo na estrutura de como os episódios vão ser disponibilizados no canal de YouTube do humorista. Carlos Coutinho Vilhena não revela quantos episódios irá ter o documentário; pelo menos três estão garantidos. “Até corro o risco de levar na cabeça e de as pessoas pensarem que é falta de profissionalismo ou irresponsabilidade, mas eu gosto de trabalhar para conseguir ter acesso a essa provocação de, depois de as pessoas verem o primeiro episódio, não saberem se o próximo sai no dia a seguir ou só dali a uma semana.”
Retiro criativo
O humorista propôs-se a sair da sua zona de conforto, a vida urbana, e passar uns meses numa aldeia comunitária. “Tenho um primo que representa um pouco o contrário daquilo que eu sou e que desde os 25 anos viaja numa caravana durante seis meses e trabalha os outros seis meses do ano para ter dinheiro para viajar”, começa por explicar. “Ele gere uma aldeia comunitária que fica a uma hora de Lisboa e, basicamente, a série retrata o meu retiro criativo nessa aldeia”, conta.
Para Carlos Coutinho Vilhena, esse “retiro criativo" foi um processo para o levar a perceber qual seria o passo seguinte a nível profissional, acabando por se tornar no próprio produto audiovisual. “Isto pode ser interessante até do ponto de vista do reality show.”
Trabalhar e explorar a realidade é o estilo no qual se sente mais confortável a realizar e que, ao mesmo tempo, faz com que seja capaz de produzir conteúdos mais honestos. Em mais de um ano de pandemia, foi possível escapar a essa realidade no documentário? A resposta chega rápida e sem hesitações: “Claro que afectou [o trabalho].”
As restrições de circulação, os confinamentos impostos em Portugal ou o simples facto de ter que ajudar familiares numa altura difícil são algumas das razões que enumera para o atraso do projecto e que conduziram, também, à inevitabilidade de retratar a realidade pandémica. “Mudávamos o guião à medida do que estava a acontecer. Ou seja, se não podíamos sair de Lisboa, filmávamos em minha casa o processo de não poder sair de Lisboa, se bem que tentei sempre não falar muito da covid-19”, exemplifica o humorista.
Carlos Coutinho Vilhena reflectiu obrigatoriamente sobre a legitimidade de lançar um projecto em que olha para o próprio umbigo, “enquanto o mundo está a arder”. “Pode ser hilariante eu estar preocupado ou triste porque não tenho uma ideia ou porque não tenho dinheiro para filmar mais duas semanas”, admite.
“Percebo que isto possa ser visto como problemas de primeiro mundo de um miúdo fútil que não tem ideias, mas como são os meus problemas as pessoas até se poderão identificar com algumas fragilidades que eu tenho”, explana. De forma a traduzir as emoções do comediante para que o espectador não perca o fio à meada, Júlio Isidro será o narrador virtual do documentário. Vai fazer “contextualizações e tradução de emoções para as pessoas que se possam estar a perder na narrativa”, remata. “Por isso, podem esperar a única coisa que eu sei fazer.”