Média de idades envelhecida dos trabalhadores “ameaça” limpeza das cidades
Segundo um estudo, os trabalhadores da limpeza urbana em Portugal têm, em média, 48 anos.
Os trabalhadores da limpeza urbana em Portugal têm “uma média de idades envelhecida”, o que se traduz numa taxa de absentismo elevada e é uma “ameaça” para o futuro da actividade, segundo um estudo nesta quarta-feira apresentado em Braga.
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Os trabalhadores da limpeza urbana em Portugal têm “uma média de idades envelhecida”, o que se traduz numa taxa de absentismo elevada e é uma “ameaça” para o futuro da actividade, segundo um estudo nesta quarta-feira apresentado em Braga.
O estudo, da responsabilidade da consultora 3 Drivers, sublinha a necessidade de renovação dos recursos humanos, designadamente pela especificidade da actividade, que exige “disponibilidade física”.
“Nenhuma das 55 autarquias auscultadas deu conta de uma média de idades abaixo dos 40 anos, o que é preocupante”, referiu António Lorena, coordenador do estudo.
O estudo foi apresentado no âmbito do no III Encontro Nacional de Limpeza Urbana, que decorre desde terça e até quinta-feira, em Braga, com 27 stands, 40 oradores e cerca de 600 participantes. A organização é da Associação de Limpeza Urbana - Parceria para as Cidades + Inteligentes e Sustentáveis (ALU).
Segundo o estudo, os trabalhadores da limpeza urbana em Portugal têm, em média, 48 anos. “É uma situação preocupante, o pessoal vai envelhecendo e é preciso ir renovando”, alertou António Lorena.
O estudo diz ainda que os trabalhadores da limpeza urbana são sobretudo homens, embora já se registe uma taxa “relativamente elevada” de mulheres. Em média, os trabalhadores não contam com mais de sete anos de escolaridade.
O envelhecimento dos recursos humanos é apontado, no estudo, como uma das “ameaças” ao sector da limpeza urbana. Outra ameaça é a falta de enquadramento estratégico e legal da actividade.
Segundo o estudo, a limpeza urbana e a actividade regulada de recolha de resíduos têm um impacto anual de 1.032 milhões de euros na criação de Valor Acrescentado Bruto, dos quais 563 milhões advêm da recolha de resíduos e 468 milhões da limpeza urbana. De acordo com a ALU, estima-se que os custos com a limpeza urbana em Portugal ascendam a 30 euros por habitante anualmente.
A limpeza urbana e a actividade regulada de recolha de resíduos envolvem 44 mil postos de trabalho.
Segundo o estudo, o futuro da actividade terá de passar pela inovação e pela valorização dos trabalhadores.
O III Encontro Nacional de Limpeza Urbana reúne autarquias de norte a sul do país e das regiões autónomas, empresas públicas e privadas do sector, a universidade e players internacionais relevantes.
De acordo com a ALU, o evento tem como objectivo debater as estratégias para uma nova era dos serviços públicos, expondo “as mais recentes inovações do sector”, entre camiões, varredoras e equipamentos de segurança.
Entre as novidades, conta-se a primeira varredora urbana alimentada a hidrogénio, que, “além de ser uma fonte de energia limpa com zero emissões, assegura a prestação de um serviço - designadamente a limpeza de ruas, passeios e jardins -- de forma mais eficiente, confiável e rentável”.