Kelly Reichardt é uma cineasta americana dos anos 1970 “perdida” pelo meio do que se convencionou chamar o novo cinema independente americano, uma observadora atenta de personagens perdidas numa sociedade desmesurada, como o eram o Jack Nicholson de Five Easy Pieces/Destinos Opostos ou a Jill Clayburgh de Uma Mulher Só, uma autora de filmes que fazem tangentes ao género sem na verdade lhes pertencerem. Tome-se o exemplo de First Cow, história dos tempos da “corrida para Oeste”, no Oregon do século XIX, e de dois outsiders, um fugitivo chinês e um padeiro de Boston, que encontram companheirismo e uma oportunidade de sobreviver. O retrato não podia estar mais longe do heroísmo maniqueísta dos velhos westerns; rondamos mais os territórios de Robert Altman em A Noite Fez-se para Amar ou do Cowboy da Meia-Noite de John Schlesinger, entre o picaresco truculento e o desespero lúcido, com a consciência de que o sonho americano é uma mera promessa incumprida.
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Kelly Reichardt é uma cineasta americana dos anos 1970 “perdida” pelo meio do que se convencionou chamar o novo cinema independente americano, uma observadora atenta de personagens perdidas numa sociedade desmesurada, como o eram o Jack Nicholson de Five Easy Pieces/Destinos Opostos ou a Jill Clayburgh de Uma Mulher Só, uma autora de filmes que fazem tangentes ao género sem na verdade lhes pertencerem. Tome-se o exemplo de First Cow, história dos tempos da “corrida para Oeste”, no Oregon do século XIX, e de dois outsiders, um fugitivo chinês e um padeiro de Boston, que encontram companheirismo e uma oportunidade de sobreviver. O retrato não podia estar mais longe do heroísmo maniqueísta dos velhos westerns; rondamos mais os territórios de Robert Altman em A Noite Fez-se para Amar ou do Cowboy da Meia-Noite de John Schlesinger, entre o picaresco truculento e o desespero lúcido, com a consciência de que o sonho americano é uma mera promessa incumprida.