Covid-19: vacina da Moderna produz anticorpos contra variante Delta

A variante Delta é 60% mais transmissível do que a variante Alfa.

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A vacina da Moderna também produz anticorpos contra as variantes identificadas na Nigéria, Uganda e Angola KAI PFAFFENBACH/Reuters

A vacinação contra o SARS-CoV-2 com o fármaco desenvolvido pela Moderna produz anticorpos contra a variante Delta, anunciou a empresa de biotecnologia com sede no Massachusetts, nos Estados Unidos.

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A vacinação contra o SARS-CoV-2 com o fármaco desenvolvido pela Moderna produz anticorpos contra a variante Delta, anunciou a empresa de biotecnologia com sede no Massachusetts, nos Estados Unidos.

“A vacinação com a vacina covid-19 da Moderna produz concentrações [de anticorpos] neutralizantes contra todas as variantes testadas, incluindo versões adicionais da variante Beta (...) e da variante Delta”, dá conta um comunicado divulgado pela empresa.

De acordo com a nota, a vacina produzida pela Moderna também produz anticorpos contra as variantes do SARS-CoV-2 identificadas na Nigéria, Uganda e Angola.

Para concluir a eficácia do fármaco, explicita o comunicado, foram recolhidas “amostras de oito participantes obtidas uma semana” depois de receberem a segunda dose.

A análise revelou “impacto mínimo nas concentrações neutralizantes contra a variante Alfa” e também “uma redução modesta nas concentrações neutralizantes contra a Delta”. A Moderna acrescentou que está a desenvolver uma estratégia para combater “variantes emergentes”.

A variante Delta, refere o microbiologista João Paulo Gomes, é 60% mais transmissível, tem o dobro das probabilidades de levar uma pessoa ao hospital, mas as vacinas mostraram-se eficazes a prevenir doença grave. À agência Lusa, o especialista do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Insa) destaca relatórios de investigadores do Reino Unido (esta variante tem uma prevalência de 90% em Inglaterra) e dados das autoridades sanitárias britânicas que indicam que a Delta é 60% mais transmissível do que a variante Alfa (conhecida inicialmente como a do Reino Unido) e que tem duas vezes mais probabilidade de levar a uma hospitalização, mas sublinha também que os resultados da vacinação “são animadores”.

“Com duas doses da vacina [AstraZeneca], a protecção conferida contra a hospitalização é na ordem dos 92%”, afirmou o especialista, acrescentando: “Quem tenha a vacinação completa, este grau protecção contra a hospitalização é na ordem de 92% a 96% [vacina Pfizer], o que é excelente”. “A palavra de ordem é vacinar”, insistiu.

Segundo o mais recente relatório de situação sobre a diversidade genética do SARS-CoV-2 em Portugal, divulgado pelo Insa, a variante Delta, associada inicialmente à Índia, teve “uma subida galopante” na frequência relativa a nível nacional, passando de 4% em Maio para 55,6% em Junho, mas a sua distribuição “é ainda muito heterogénea entre regiões”.

Segundo o Insa, a distribuição da variante Delta varia entre 3,2% (Açores) e 94,5% (Alentejo), mas, tendo em conta a tendência observada entre Maio e Junho, “é expectável que esta variante se torne dominante em todo território nacional durante as próximas semanas”.

Do total de sequências da variante Delta analisadas até à data, 46 apresentam a mutação adicional K417N na proteína da espícula (que o coronavírus SARS-CoV-2 usa para entrar nas células), refere o instituto. No entanto, sublinha, cerca de 50% destes casos restringem-se a apenas duas cadeias de transmissão de âmbito local, o que sugere que a sua circulação comunitária é ainda limitada, sendo a frequência relativa deste perfil (Delta+K417N) na amostragem nacional de Junho de 2,3%.