Guerra diplomática entre Israel e Polónia por causa do Holocausto

Os dois países chamaram os representantes diplomáticos do outro para explicações por causa de um projecto de lei do Governo polaco que impediria o pagamento de indemnizações a familiares de sobreviventes do Holocausto e de perseguidos durante a era comunista.

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Participantes na anual "Marcha dos Vivos" no antigo campo de concentração nazi de Auschwitz, em Brzezinka na Polónia Reuters/Kacper Pempel

Israel e Polónia convocaram quase em simultâneo os representantes diplomáticos do outro país no meio de uma disputa diplomática sobre um projecto de lei do Governo polaco que, a ser aprovado, impedirá, segundo os israelitas, o pagamento de indemnizações e outras restituições a sobreviventes do Holocausto e a perseguidos da era comunista, bem como aos seus familiares.

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Israel e Polónia convocaram quase em simultâneo os representantes diplomáticos do outro país no meio de uma disputa diplomática sobre um projecto de lei do Governo polaco que, a ser aprovado, impedirá, segundo os israelitas, o pagamento de indemnizações e outras restituições a sobreviventes do Holocausto e a perseguidos da era comunista, bem como aos seus familiares.

Trata-se de uma lei de propriedade imobiliária que impediria, por exemplo, que os descendentes das vítimas pudessem reclamar antigos domicílios apreendidos pelos ocupantes nazis. Estas propriedades, lamenta Israel não foram restituídas, nem foram pagas as indemnizações, durante os governos posteriores.

A Polónia responde que não se trata de legislação aplicada unicamente aos judeus e que o Tribunal Constitucional do país a considera necessária para harmonizar a legislação polaca e, no futuro, iniciar o processo de restituição que Israel tanto deseja.

Na quinta-feira à noite, os deputados polacos aprovaram de maneira esmagadora as mudanças, que precisam ainda da aprovação do Senado e do Presidente, Andrzej Duda, antes de se converterem em lei.

Israel não quis esperar e condenou – como já os Estados Unidos tinham feito – a decisão. Depois de saber que a embaixada israelita tinha qualificado a votação como “imoral” através do Twitter, o Ministério dos Negócios Estrangeiros polaco convocou o encarregado de negócios israelita, Tal Ben-Ari Yaalon, enquanto Israel fez o mesmo com o embaixador da Polónia, Marek Magierowski.  

O director do gabinete político do Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita, Yalon Bar, alertou o embaixador para o “impacto que a decisão comporta” e indicou-lhe que ainda “não é demasiado tarde para suspender o processo”, de acordo com uma nota do ministério recebida pelo Times of Israel.

“Não é uma discussão história sobre responsabilidades. É uma obrigação moral da Polónia”, acrescenta a nota.

Por seu lado, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros polaco, Pawel Jablonski, lamentou a convocatória do embaixador e denunciou que por trás da polémica escondem-se obscuras intenções de certos sectores da política israelita.

“É uma situação que alguns políticos desse país estão a explorar por motivos de pura política interna”, declarou Jablonski à televisão polaca TVP.