“Sabemos mais sobre a Lua do que sobre o que está debaixo de nós”

A ligação dos humanos ao subterrâneo é antiga – e perdura. “Ainda estamos nas garras do mundo subterrâneo, mesmo que o tentemos esconder de nós”, acredita o escritor Robert Macfarlane. Nos relatos que faz das suas viagens a estes submundos, descreve a relação obscura que mantemos com estes lugares abaixo da superfície e perspectiva a forma como já estamos a deixar neles um rasto de destruição.

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Helen Spenceley

Não se trata de um “livro sobre grutas”. É do subterrâneo que falamos, sim, mas esses submundos por baixo dos nossos pés podem ser diversos, mostra o escritor Robert Macfarlane no livro Mundo Subterrâneo: há cidades ocultas, catacumbas, o interior dos glaciares, o solo da floresta, depósitos de resíduos nucleares ou até um laboratório onde se procuram indícios de matéria escura, sem interferências – e também há espaço reservado para as grutas e cavernas, que podem alojar no seu interior sombrio rios, cadáveres e outros segredos. Considerado um dos melhores livros do século XXI pelo jornal The Guardian, a obra editada em Portugal pela Elsinore levou quase uma década a escrever e funciona como uma crónica de viagens ensaística, que faz da ciência e da literatura aliadas. Nela, o autor britânico relata as suas viagens exploratórias a alguns destes mundos que repousam sob a superfície e debruça-se sobre a ligação dos humanos ao subterrâneo. E não esquece o legado enterrado que deixaremos para o futuro: “Estamos a ser maus antepassados”, diz, em conversa com o PÚBLICO.