A saga dos judeus do século XVII fala-nos das intolerâncias do século XXI

Com Arrancados da Terra, o jornalista e historiador brasileiro Lira Neto recua no tempo para seguir os judeus expulsos de Portugal pela Inquisição até Amesterdão, Brasil e, por fim, Nova Iorque. A imersão nos arquivos e a “visão do outro como ameaça” trouxeram-lhe “a todo o instante ecos da realidade que vivemos hoje”.

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No início desta história estamos na Lisboa de 1597 e seguimos, “na penumbra, antes dos primeiros raios da manhã”, os passos de um homem, Gaspar Rodrigues Nunes, de 39 anos, comerciante de pregos. Segue numa fila de 90 homens, “pés descalços e velas amarelas nas mãos”, vestidos com o “sambenito”, o “traje da infâmia”, uma túnica de linho amarela imposta aos hereges, apóstatas, bígamos, devassos, sodomitas e os praticantes do judaísmo.