Covid-19: variante Delta já é dominante em Portugal

Mais de 51% das amostras sequenciadas eram desta estirpe. Lisboa e Vale do Tejo atinge 86% do limite fixado para cuidados intensivos.

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Lisboa é uma das zonas mais afectada do país Ricardo Lopes

Depois de ter adiantado, na passada semana, que a variante Delta poderia ser “dominante” em breve, chegou a confirmação: a estirpe B.1.617.2, associada à Índia, já é a principal em Portugal. De acordo com o relatório de monitorização das “linhas vermelhas” elaborado pela Direcção-Geral da Saúde e pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), a variante Delta esteve presente em 51,2% das 9221 amostras sequenciadas.

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Depois de ter adiantado, na passada semana, que a variante Delta poderia ser “dominante” em breve, chegou a confirmação: a estirpe B.1.617.2, associada à Índia, já é a principal em Portugal. De acordo com o relatório de monitorização das “linhas vermelhas” elaborado pela Direcção-Geral da Saúde e pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), a variante Delta esteve presente em 51,2% das 9221 amostras sequenciadas.

“A variante Alpha (B.1.1.7 ou associada ao Reino Unido) foi a variante dominante durante mês de Maio, estimando-se que a variante Delta (B.1.617.2 ou associada à Índia) se tenha já sobreposto a esta à data actual”, pode ler-se no relatório.

Este relatório revela ainda que a faixa etária entre os 40 e os 59 anos é a que tem mais doentes em unidades de cuidados intensivos a receberem tratamento para recuperar da infecção, com 55 casos na quarta-feira.

Portugal atingirá os 240 casos de infecção por 100 mil habitantes entre 15 e 30 dias, caso se mantenha o actual crescimento do índice de transmissibilidade do vírus, indica a análise de risco da pandemia.

A subida de novos casos, que ocorre há já algumas semanas, tem tido influência nos internamentos em unidades de cuidados intensivos. Actualmente, há 106 doentes internados nestas unidades, valor correspondente a 43% do limiar definido como crítico de 245 camas disponíveis. 

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Matriz de risco por região INSA/DGS

A região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT) é, no momento, uma das mais críticas de todo o país quando olhamos para o número de novos casos e incidência. Actualmente, LVT conta com 71 doentes internados nas unidades de cuidados intensivos, número que representa 86% do limite regional de camas.

A taxa de positividade manteve-se igual à registada na última semana, fixando-se novamente nos 2,3%.

As outras variantes

Apesar de a variante Delta ser já dominante no país, o relatório adianta que a variante designada Delta Plus ainda tem uma presença residual em Portugal, com apenas 3% de presença nos últimos casos sequenciados associados a esta estirpe. Em Lisboa e Vale do Tejo, a proporção desta variante ultrapassa já os 70% de casos totais. 

Também a variante Gamma, ou associada ao Brasil, já tem “transmissão estável” em território nacional, com dez novos casos identificados desde a publicação do último relatório. Por outro lado, no caso da variante Beta (associada à África do Sul), assistiu-se a uma redução de casos, o que aponta para uma “tendência controlada” no caso desta estirpe.