Responsável da ONU diz que Madagáscar é o primeiro país onde se passa fome devido às alterações climáticas

Comem-se gafanhotos, folhas de cacto e lama. A actual situação, resultante de vários anos de seca, é comparada a um “filme de terror”.

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Criança é observada por uma profissional de saúde Reuters/OCHA

Madagáscar é o primeiro país do mundo a passar fome devido às alterações climáticas, sendo a população obrigada a comer gafanhotos, folhas de cacto e até lama, disse esta quinta-feira uma responsável das Nações Unidas.

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Madagáscar é o primeiro país do mundo a passar fome devido às alterações climáticas, sendo a população obrigada a comer gafanhotos, folhas de cacto e até lama, disse esta quinta-feira uma responsável das Nações Unidas.

A actual situação, resultante de vários anos de seca, levou o chefe do Programa Alimentar Mundial (PAM), David Beasley, que recentemente esteve na região, a dizer que se “parece algo que se vê num filme de terror”.

Esta sexta-feira, a directora regional do PAM para a África Austral, Lola Castro, que acompanhou Beasley na sua viagem, falou de uma situação “muito dramática” numa entrevista em vídeo com vários órgãos de comunicação social. “O pior ainda está para vir”, disse, citada pela agência France-Presse (AFP).

“Temos pessoas à beira da fome e não há conflito. Há apenas as alterações climáticas, com os seus piores efeitos que as estão a afectar gravemente”, apontou, considerando que é necessária uma acção rápida da comunidade internacional.

“Estas pessoas não contribuíram em nada para as alterações climáticas e estão agora a assumir todo o fardo”, referiu Castro, citando Beasley.

A fome em Madagáscar é particularmente mais forte no sul do país. Há mais de um mês, a ONU tinha já avisado que a fome crescente colocava em risco mais de um milhão de pessoas.

Uma ilha no oceano Índico, Madagáscar continua a ser de difícil acesso, tanto para a ajuda humanitária, como para os órgãos de comunicação social, devido à pandemia de covid-19 e às restrições a esta associadas.

As agências de ajuda humanitária estão a tentar consciencializar para a tragédia, mas apelam para a atribuição de fundos, dizendo que os actuais são insuficientes.