Pelo menos 43 pessoas morreram em ataque aéreo na região de Tigré

O exército etíope nega o envolvimento no ataque, que aconteceu depois das forças da Frente de Libertação do Povo de Tigré entrarem em algumas cidades a norte de Mekelle.

Foto
Uma mulher dá entrada no hospital de Ayder Referral, em Makelle, depois do ataque aéreo em Togoga, na região de Tigré TIGRAY GUARDIANS 24/Reuters

Um ataque aéreo matou pelo menos 43 pessoas na cidade de Togoga, na região de Tigré, na Etiópia, dias depois do conflito ter voltado a reacender-se a norte da capital da região, Mekelle. O incidente, relatado por várias testemunhas, surge dias depois das eleições nacionais e regionais no país, que não foram realizadas em Tigré.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Um ataque aéreo matou pelo menos 43 pessoas na cidade de Togoga, na região de Tigré, na Etiópia, dias depois do conflito ter voltado a reacender-se a norte da capital da região, Mekelle. O incidente, relatado por várias testemunhas, surge dias depois das eleições nacionais e regionais no país, que não foram realizadas em Tigré.

Na manhã de terça-feira, um ataque atingiu um mercado de Togoga, onde estavam muitas famílias, disse uma mulher à Reuters, cujo marido e filho de dois anos ficaram feridos.

Os profissionais de saúde ouvidos pela agência confirmaram 43 mortos de acordo com testemunhos locais e avançaram que mais de 40 pessoas ficaram gravemente feridas. Segundo as testemunhas ouvidas pela Associated Press, o número de feridos e mortos pode ser superior, uma vez que várias pessoas fugiram depois do ataque.

Na tarde do mesmo dia, várias equipas médicas tentaram chegar ao local, mas foram bloqueadas por militares etíopes na estrada principal que seguia de Mekelle para Togoga , disseram testemunhas em declarações à Reuters.

“Disseram-nos que não podíamos ir para Togoga. Esperámos mais de uma hora no ponto de controlo e tentámos negociar. Tínhamos uma carta do hospital e mostrámos-lhes. Mas disseram-nos que era uma ordem”, disse um médico, citado pela agência

Outro profissional disse à AP que os militares consideravam que “quem passasse era porque estava a ajudar as tropas da Frente de Libertação do Povo de Tigré (FLPT)”.

Segundo um dos médicos, duas ambulâncias chegaram depois ao mercado por outra estrada, mas não tinham o material necessário e não lhes permitiram deixar o local, referiu a Reuters.

O incidente aconteceu dias depois de a população etíope ter sido chamada às urnas. A região Tigré, no entanto, não foi incluída nos votos devido ao conflito na região.

Aliás, foi em torno das eleições que o conflito deflagrou: o adiamento das eleições em Agosto levou os líderes tigré a realizar as suas próprias eleições, desobedecendo a Adis Abeba.

Desde Novembro do ano passado, o confronto entre a FLPT e as tropas federais e eritreias já fez milhares de mortos, forçou a deslocação de mais de dois milhões de pessoas e fez disparar a fome na região.

Apesar de as tropas etíopes e eritreias controlarem a região, alguns locais reportaram que as forças da FLPT entraram em várias cidades a Norte de Mekelle nos últimos três dias. Acabaram por retirar-se pouco depois, com as localidades a serem de novo reivindicadas pelos militares.

O porta-voz do exército etíope, o coronel Getnet Adane, negou o ataque no mercado e afirmou que os ataques aéreos são uma táctica militar comum, mas que não têm como alvo os civis. Foi negado, também, o bloqueio da estrada que conduz ao local do ataque.