Um a um, os 50 mil azulejos da Cupertino de Miranda vão ser restaurados

O início da intervenção nos dez painéis do edifício está previsto para o mês de Julho e estima-se que os trabalhos estejam concluídos nos primeiros três meses de 2022. Empreitada terá o custo de 300 mil euros.

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Há quase 50 anos que a sede da Fundação Cupertino de Miranda habita o centro de Famalicão. Instalou-se na Praça D. Maria II em 1972, a 8 de Dezembro, e desde então que se afirma como um dos edifícios emblemáticos da cidade. Para isso também contribuem os azulejos que a agasalham desde o início, da autoria de João Charters de Almeida. Como meio século é algum tempo (e porque o tempo vai deixando as suas “mazelas”), o conjunto de painéis da autoria do escultor lisboeta “não está nas melhores condições”, reconhece Pedro Álvares Ribeiro, presidente da fundação. Mas não por muito tempo: a Câmara Municipal de Famalicão anunciou que o arranque do restauro dos dez painéis — quatro deles na torre que mira a praça do alto dos seus dez pisos — está previsto para Julho. A empreitada representa um investimento global de 300 mil euros (metade do valor é assegurado pela autarquia).

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Há quase 50 anos que a sede da Fundação Cupertino de Miranda habita o centro de Famalicão. Instalou-se na Praça D. Maria II em 1972, a 8 de Dezembro, e desde então que se afirma como um dos edifícios emblemáticos da cidade. Para isso também contribuem os azulejos que a agasalham desde o início, da autoria de João Charters de Almeida. Como meio século é algum tempo (e porque o tempo vai deixando as suas “mazelas”), o conjunto de painéis da autoria do escultor lisboeta “não está nas melhores condições”, reconhece Pedro Álvares Ribeiro, presidente da fundação. Mas não por muito tempo: a Câmara Municipal de Famalicão anunciou que o arranque do restauro dos dez painéis — quatro deles na torre que mira a praça do alto dos seus dez pisos — está previsto para Julho. A empreitada representa um investimento global de 300 mil euros (metade do valor é assegurado pela autarquia).

O presidente da Fundação Cupertino de Miranda garante que a obra estará “na fase inicial do primeiro trimestre de 2022”, já que se estima que os trabalhos demorarão sete meses. Ainda assim, salienta Pedro Álvares Ribeiro ao PÚBLICO, a intervenção demorará o tempo “que for preciso” para que seja garantido um restauro com “a máxima qualidade possível”. E tal só se consegue com “parceiros de grande qualidade”, como a Signinum, “especialista na matéria e que já tinha feito outras recuperações”, como a dos azulejos do Santuário da Nossa Senhora dos Remédios, em Lamego. Para além disso, e dada “a complexidade” da obra, a fundação contará com o “apoio científico e técnico” de académicos da Universidade de Aveiro e do Instituto Politécnico de Tomar.

O restauro dos painéis vai ser “exaustivo”: são “mais de 50 mil azulejos” distribuídos por “cerca de 7 mil metros quadrados de pavimento”. “É uma obra de grande magnitude”, aponta o presidente da fundação, que também descreve o processo como “complexo” já que cada um dos azulejos será trabalhado minuciosamente, “um a um”, porque o objectivo é “manter o que lá está, o original”. Para além dos quatro painéis cerâmicos que escalam os 34 metros de altura da torre, há ainda seis ao nível do rés-do-chão. O edifício também alberga o Centro Português do Surrealismo, inaugurado em 2018.

Também o autor dos painéis foi consultado e informado acerca do restauro — e a reacção foi positiva: “O Charters de Almeida tem um carinho muito especial pela obra. É um dos maiores conjuntos de painéis de azulejo na Europa. Estivemos com ele recentemente e pedimos a sua opinião, porque valoriza muito este cuidado em restaurar. E é uma das suas obras fundamentais.”

Mas por que só agora? “Efectivamente já há bastantes anos que queríamos o restauro. Há cerca de cinco anos começamos a ponderá-lo, mas é algo complexo. Falámos com muitos especialistas sobre a melhor forma de restaurar azulejos e, depois de um longo período de reflexão, concluímos que seria o melhor momento”, explica o presidente da fundação. Citado em comunicado, o presidente do município, Paulo Cunha, também considerou este o momento mais “oportuno” para a intervenção, já que toda a zona envolvente “está a ser intervencionada”, numa requalificação do espaço público de Famalicão.

O restauro dos painéis, diz Pedro Álvares Ribeiro, “tem grande significado para a fundação e para Famalicão”, mas também para os famalicenses. Tanto que está a ser preparada “uma campanha que visa envolvê-los” e que permita que a comunidade possa acompanhar o processo de restauro e recuperação dos azulejos. “Sentimos que durante este ano as pessoas estavam tristes com a situação. O património tem que ver com a nossa memória e saber protegê-lo é uma preocupação. A melhor forma de o fazer é envolvendo toda a gente”, conclui.