Primeiro-ministro arménio confirmado no cargo em eleições antecipadas
Pashinyah demitira-se para tentar ultrapassar a crise política aberta com o acordo de cessar-fogo com o Azerbaijão, visto por muitos como uma humilhação. Rival recusa reconhecer resultados e denuncia fraude eleitoral.
Nikol Pashinyah, primeiro-ministro em funções na Arménia, declarou vitória nas eleições antecipadas de domingo, que o próprio marcou, num esforço para resolver a crise que se seguiu à desastrosa guerra de seis semanas com o Azerbaijão. Com 75% dos votos contados, o seu partido soma 55,61%, segundo dados da Comissão Eleitoral, enquanto o ex-Presidente Robert Kocharyan, que centrou a campanha na reconquista dos territórios perdidos e no fortalecimento das fronteiras, reúne 20% de votos.
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Nikol Pashinyah, primeiro-ministro em funções na Arménia, declarou vitória nas eleições antecipadas de domingo, que o próprio marcou, num esforço para resolver a crise que se seguiu à desastrosa guerra de seis semanas com o Azerbaijão. Com 75% dos votos contados, o seu partido soma 55,61%, segundo dados da Comissão Eleitoral, enquanto o ex-Presidente Robert Kocharyan, que centrou a campanha na reconquista dos territórios perdidos e no fortalecimento das fronteiras, reúne 20% de votos.
“O povo da Arménia deu ao [partido] Contrato Civil um novo mandato para liderar o país e a mim, pessoalmente, como primeiro-ministro”, congratulou-se Pashinyah esta segunda-feira de manhã. “Já sabemos que tivemos uma vitória convincente e que vamos ter uma maioria convincente no Parlamento”, afirmou o líder reeleito, quando ainda só estavam contados 30% dos boletins de voto – às urnas foram quase 50% dos 2,6 milhões de eleitores.
Mas, para já, a coligação liderada por Kocharyan, a Aliança Arménia, diz que não reconhece a declaração de vitória: “Centenas de mensagens de centros de voto testemunhando falsificações organizadas e planeadas são um sério motivo para falta de confiança”, diz o bloco num comunicado. Domingo, a Aliança já explicara que não iria reconhecer os resultados até “estudar com atenção as fraudes denunciadas e suspeitas”.
A Procuradoria-geral disse no domingo à noite ter recebido 319 relatos de violações e decidido abrir seis investigações criminais, todas ligadas a denúncias de subornos durante a campanha. “Globalmente, as eleições realizaram-se de acordo com a lei”, afirmou, por seu turno, a Comissão Eleitoral.
O grande receio de muitos observadores é a explosão de protestos ou distúrbios, depois de uma campanha dura que avivou a polarização da sociedade arménia. Ao declarar vitória, Pashinyah apelou aos seus apoiantes para se reunirem à noite na principal praça de Erevan, a capital.
Kocharyan, nascido em Kharabakh, o enclave cenário da guerra do ano passado, é amigo e aliado do Presidente russo, Vladimir Putin, e já enfrentou no passado acusações de ter manipulado o resultado de umas eleições em benefício de um aliado político. Presidente entre 1998 e 2008, foi ainda acusado pela repressão contra manifestantes no seu último ano no poder, quando pelo menos dez pessoas morreram nos confrontos que se seguiram aos protestos contra a sua decisão de declarar o Estado de emergência, depois de umas eleições disputadas.
Apesar da proximidade entre Kocharyan e Putin, uma vitória de Pashinyah dá a Moscovo garantias de que o acordo de cessar-fogo de Novembro, negociado pela Rússia, é para cumprir. Incluindo a presença de 2000 soldados russos de manutenção de paz presentes na região de Nagorno-Kharabakh.
Pashinyah admitiu que se tratava de um pacto “desastroso” e “doloroso”, mas defendeu que seria mais grave insistir no pior conflito entre os dois países desde o fim da guerra que os opôs depois de se tornarem independentes, em 1991, e que deixou este enclave arménio dentro das fronteiras azerbaijanas reconhecidas.
Assinado depois de os arménios perderem uma parte substancial de território para o Azerbaijão, e quando já se contavam mais de 6500 mortos (cerca de 4000 arménios), o acordo mobilizou uma parte da população contra o Governo. Em Fevereiro, o primeiro-ministro acusou mesmo o Exército de o querer derrubar e demitiu as principais chefias militares que o tinham criticado publicamente.