R(t) dispara para 1,2 em Lisboa e Vale do Tejo. Variante Delta deverá ser “dominante” “nas próximas semanas”
Cresce a “pressão” nos serviços de saúde, sobretudo na região de Lisboa, avisam DGS e INSA. A subida de casos de covid-19 em Portugal tem já efeitos nas unidades de cuidados intensivos.
A variante Alpha (ou inglesa) foi a estirpe “dominante” em Maio, mas estima-se que a Delta (B.1.617.2 ou associada à Índia) “se possa sobrepor a esta nas próximas semanas”, alerta o relatório de monitorização das “linhas vermelhas” elaborado pela Direcção-Geral da Saúde e pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), divulgado esta sexta-feira.
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A variante Alpha (ou inglesa) foi a estirpe “dominante” em Maio, mas estima-se que a Delta (B.1.617.2 ou associada à Índia) “se possa sobrepor a esta nas próximas semanas”, alerta o relatório de monitorização das “linhas vermelhas” elaborado pela Direcção-Geral da Saúde e pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), divulgado esta sexta-feira.
Até 16 de Junho, foram identificados 157 casos da linhagem Delta. “Existe transmissão comunitária desta variante, mais evidente na região de Lisboa e Vale do Tejo” (LVT), diz o documento.
Este é um dos “vários indicadores” que mostram uma “intensidade e pressão crescente nos serviços de saúde, em especial na região de LVT”, afirmam os peritos.
A subida de casos de covid-19 em Portugal, que dura há algumas semanas, tem já efeitos nas unidades de cuidados intensivos (UCI). O número diário de casos nestas unidades no continente “revelou uma tendência crescente”, correspondendo a 36% do valor crítico definido de 245 camas ocupadas. No relatório das linhas vermelhas da semana passada esta percentagem era de 29%.
Com 57 doentes internados em cuidados intensivos, a região de LVT representa 65% do total nacional deste indicador. O grupo etário com maior número de internamentos em UCI por covid-19 é o dos 50 aos 59 anos (27 casos a 16 de Junho).
Perante a maior prevalência da variante Delta, que é tida como mais transmissível, e a previsível subida dos internamentos em UCI, a DGS e o INSA pedem uma “maior atenção à evolução dos indicadores de incidência, virológicos e de impacte, assim como ao aumento do nível de preparação dos recursos a nível regional e sub-regional para o controlo e mitigação da epidemia em Portugal, em especial na população não vacinada ou sem esquema vacinal completo”.
Portugal com 105 casos por 100 mil habitantes
O relatório lança vários avisos sobre o agravamento da situação epidemiológica em Portugal, com especial enfoque na região de Lisboa e Vale do Tejo, que tem sido o “motor” da pandemia nas últimas semanas.
Nos últimos 14 dias, registaram-se, em média, 105 casos por cada 100 mil habitantes, “com tendência crescente a nível nacional” (era de 83 no relatório de há uma semana).
O índice de transmissão do coronavírus, o R(t), apresenta valores superiores a 1 ao nível nacional (1,14) e em todas as regiões de saúde, “sugerindo uma tendência crescente” que é mais “acentuada na região de Lisboa e Vale do Tejo, que apresenta um R(t) de 1,20” – uma subida assinalável face aos 1,12 da semana passada.
“Mantendo-se esta taxa de crescimento, o tempo para atingir a taxa de incidência acumulada a 14 dias de 120 casos/100 mil habitantes será inferior a 15 dias para o nível nacional e na região do Algarve, tendo já sido ultrapassado esse limiar em LVT, que poderá ultrapassar o limiar da incidência acumulada a 14 dias de 240 casos por 100 mil habitantes em menos de 15 dias”, alerta o relatório.
Todos os grupos etários apresentam uma tendência crescente da incidência, mas o que se destaca é o do grupo dos 20 aos 29 anos (203 casos por 100 mil habitantes). “Embora com menor risco individual de evolução desfavorável da doença, os indivíduos deste grupo podem contribuir para a transmissão à população mais vulnerável e ainda não vacinada. O grupo etário com mais de 80 anos apresentou uma incidência cumulativa a 14 dias de 27 casos por 100 mil habitantes, o que reflecte um risco de infecção muito inferior ao risco para a população em geral.”
Testagem em queda
A nível nacional, a proporção de testes positivos à covid-19 foi de 2,3 % (1,3% na semana passada), ainda abaixo do limiar definido de 4%. Apesar do agravamento da pandemia no país, com três dias consecutivos acima dos mil casos, diminuiu o número de testes à covid-19.
A proporção de casos confirmados notificados com atraso aproxima-se do limiar de 10%: é agora de 9,6%, mais 2,1 pontos percentuais do que na semana passada.
Até 16 de Junho, foram identificados, por confirmação laboratorial, 113 casos da variante Beta (África do Sul) e 146 da estirpe Gamma (Manaus, Brasil). Ambas têm transmissão comunitária em Portugal.