Portugal sem medo em Munique
Selecção portuguesa defronta neste sábado, em Munique, uma Alemanha que perdeu na primeira jornada do “grupo da morte”. Ronaldo terá mais uma oportunidade para se estrear a marcar aos germânicos.
Nem sempre ganha a Alemanha quando são 11 contra 11. “Die Mannschaft” não é invencível, isso já ficou provado neste Euro 2020. E Portugal, como se tem visto na última década, já não é uma selecção que só ganha de vez em quando aos históricos do futebol mundial e que nunca vai longe nas grandes competições. Neste sábado (17h, TVI), o campeão europeu terá em Munique mais uma oportunidade para validar o seu estatuto actual no futebol mundial (vitória dará o apuramento, empate deverá chegar), frente a uma Alemanha em situação de risco depois do desaire frente à França. Sem “medo nenhum”, como disse Fernando Santos, mas também sem o exagero de achar que “Portugal é favorito contra a Alemanha, na Alemanha”. Isso, considera o seleccionador português, seria “ultrapassar os limites”.
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Nem sempre ganha a Alemanha quando são 11 contra 11. “Die Mannschaft” não é invencível, isso já ficou provado neste Euro 2020. E Portugal, como se tem visto na última década, já não é uma selecção que só ganha de vez em quando aos históricos do futebol mundial e que nunca vai longe nas grandes competições. Neste sábado (17h, TVI), o campeão europeu terá em Munique mais uma oportunidade para validar o seu estatuto actual no futebol mundial (vitória dará o apuramento, empate deverá chegar), frente a uma Alemanha em situação de risco depois do desaire frente à França. Sem “medo nenhum”, como disse Fernando Santos, mas também sem o exagero de achar que “Portugal é favorito contra a Alemanha, na Alemanha”. Isso, considera o seleccionador português, seria “ultrapassar os limites”.
São tão raros os bons momentos da selecção portuguesa frente à Alemanha, que, quando acontecem, são absolutamente memoráveis. Como o golo de Carlos Manuel em Estugarda que deu uma dimensão real ao sonho de José Torres na campanha rumo ao Mundial de 1986. Ou o hat-trick de Sérgio Conceição na jornada final da fase de grupos do Euro 2000. Estas foram duas das três vitórias portuguesas em 18 confrontos com “die Mannschaft”, que tem um registo semelhante com quase todas as selecções mundiais – menos com Argentina, Brasil, Itália, França e Inglaterra.
E o histórico recente entre as duas selecções em fases finais de grandes competições não é nada famoso – esse 3-0 em Roterdão com três golos do actual treinador do FC Porto foi mesmo a última vitória portuguesa e a única em fases finais. Depois disso, derrota por 3-1 no Mundial 2006, derrota por 3-2 no Euro 2008, derrota por 1-0 Euro 2012 e derrota por 4-0 no Mundial 2014. Nenhuma ainda com Fernando Santos como seleccionador, mas todas com Cristiano Ronaldo – que não marcou à selecção germânica em nenhum destes quatro confrontos, mas já marcou nove golos a Neuer, o guardião germânico, todos pelo Real Madrid contra o Bayern Munique.
Para Fernando Santos, tudo o que está para trás é prólogo para o confronto no Allianz Arena. Nem o historial entre as duas selecções o assusta, nem a derrota alemã em Paris lhe dá mais confiança: “É uma equipa fantástica, em termos individuais e colectivos, dominadora, tipo rolo compressor, mas sabe que vai ter pela frente uma grande equipa. Não tenho medo nenhum da Alemanha, as duas equipas vão respeitar-se. Dos dois lados há forças poderosas capazes de resolver o jogo, mas achar que Portugal é favorito contra a Alemanha a jogar na Alemanha, acho que estamos a ultrapassar os limites. Se os meus jogadores caíssem nessa tentação, dificilmente empatávamos aqui o jogo, quanto mais ganhar, e o nosso objectivo não é empatar, é ganhar.”
Urgência alemã
Os resultados da primeira jornada do Grupo F fazem com que Portugal e Alemanha cheguem a este confronto com diferentes estados de espírito. O triunfo por 3-0 em Budapeste sobre os húngaros deixou a selecção portuguesa bem encaminhada para os oitavos-de-final, enquanto a derrota com os franceses deixou a selecção orientada por Joachim Low com algum sentido de urgência – mais um jogo sem pontos e as contas do apuramento no chamado “grupo da morte” ficam complicadas ou muito complicadas, dependendo do que tiver acontecido no França-Hungria das 14h.
Low, que vai saltar do banco da “Mannschaft” aconteça o que acontecer no Euro 2020 (será substituído pelo ex-Bayern Hansi Flick), sabe o que é ganhar a Portugal, com uma vitória como adjunto e três como treinador principal. Já foi campeão do mundo (2014), e também já sofreu grandes embaraços (eliminado na fase de grupos em 2018, e envergonhado por alguns gestos durante os jogos que se tornaram virais), mas a derrota com os franceses não o desmoralizou para o seu confronto seguinte no torneio. Até porque a Alemanha não jogo assim tão mal, teve mais posse de bola que a França e perdeu pela margem mínima com um autogolo.
“A ambição e a determinação da equipa continuam exemplares. É por isso que sabemos que podemos dar a volta. Se conseguirmos ser mais vigorosos no ataque, vamos conseguir ganhar a Portugal”, considera Low, que terá alguns dilemas para resolver frente a Portugal. Poderá manter uma defesa a três, como tem feito nos últimos jogos, ou uma defesa a quatro, como fazia antes. E, depois das boas entradas de Sané e Werner, irá ele manter a tripla atacante composta por Haavertz, Muller e Gnabry?
Seja como for, Portugal não é só Ronaldo, diz Low, apesar de o capitão da selecção portuguesa lhe merecer um respeito especial. “Ronaldo faz mais do que mexer nas garrafas de Coca-Cola. Sabe marcar golos, ainda é um jogador especial”, referiu o técnico alemão. “Mas Portugal não é só Ronaldo, tem quatro ou cinco jogadores de classe mundial. É importante não negligenciar nenhum.”