Dois miúdos e um lugar ao sol

Indo eu, indo eu / A caminho de Viseu… E por lá damos de caras com um dos mais refrescantes projectos do hip-hop português.

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Francisco Trindade e Pedro Vieira devolvem inocência e artesanato ao hip-hop, o que é assaz raro nos dias que correm

2021 começava auspicioso para o hip-hop português, anotámos em Janeiro a propósito do EP Shaitan, do portuense Roke, editado pela também portuense Paga-lhe O Quarto. É a mesma editora que volta a lançar, quase meio ano volvido, mais um bom trabalho que, contrariamente a esse augúrio, vem trazer frescura a um panorama editorial algo desanimante e do qual se excepcionam alguns trabalhos dignos de nota: O Último a Sair (Álcool Clube) e Ossos de Prata (João Tamura x Beiro), Limites (Each) ou Nem sei (Kilu). Eis, agora, O Homem Que Viu O Sol, objecto que, entre outros atributos, tem a particularidade de chegar pela mãos de dois miúdos até aqui praticamente desconhecidos e geograficamente na margem dos dois grandes pólos (Grande Porto e Grande Lisboa) do hip-hop português (com dois interessantes EP lançados no ano transacto: Homem do Século 20 e Monte Salvado). Pedro Vieira (voz), de Viseu, e Francisco Trindade (som), aveirense, que a faculdade juntou na cidade do primeiro, assinam um trabalho cheio de boas ideias, pelo caminho devolvendo um sentido de inocência e artesanato ao hip-hop assaz raro nos dias que correm (como se, de repente, estivéssemos a ouvir um registo do hip-hop iniciático dos anos 90), tornado numa calculista e megalómana máquina de “visualizações” e videoclips (carregados de “conceitos”, “vibes”, “ambientes cinematográficos” e bacoquices que tais).

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2021 começava auspicioso para o hip-hop português, anotámos em Janeiro a propósito do EP Shaitan, do portuense Roke, editado pela também portuense Paga-lhe O Quarto. É a mesma editora que volta a lançar, quase meio ano volvido, mais um bom trabalho que, contrariamente a esse augúrio, vem trazer frescura a um panorama editorial algo desanimante e do qual se excepcionam alguns trabalhos dignos de nota: O Último a Sair (Álcool Clube) e Ossos de Prata (João Tamura x Beiro), Limites (Each) ou Nem sei (Kilu). Eis, agora, O Homem Que Viu O Sol, objecto que, entre outros atributos, tem a particularidade de chegar pela mãos de dois miúdos até aqui praticamente desconhecidos e geograficamente na margem dos dois grandes pólos (Grande Porto e Grande Lisboa) do hip-hop português (com dois interessantes EP lançados no ano transacto: Homem do Século 20 e Monte Salvado). Pedro Vieira (voz), de Viseu, e Francisco Trindade (som), aveirense, que a faculdade juntou na cidade do primeiro, assinam um trabalho cheio de boas ideias, pelo caminho devolvendo um sentido de inocência e artesanato ao hip-hop assaz raro nos dias que correm (como se, de repente, estivéssemos a ouvir um registo do hip-hop iniciático dos anos 90), tornado numa calculista e megalómana máquina de “visualizações” e videoclips (carregados de “conceitos”, “vibes”, “ambientes cinematográficos” e bacoquices que tais).