Fotógrafo Nuno Vasco Rodrigues premiado por imagens captadas nos mares dos Açores

Os dois prémios foram atribuídos pela Ocean Geographic Society nas categorias de conservação e fotojornalismo.

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Nuno Vasco Rodrigues ANA PINTO

Um conjunto de fotografias de Nuno Vasco Rodrigues nos mares dos Açores valeu ao fotógrafo submarino português a atribuição de dois prémios numa das maiores competições anuais de fotografia relacionada com o oceano organizada pela Ocean Geographic Society. São eles o primeiro lugar na categoria de Fotografia de Conservação do Ano com uma imagem tirada em Agosto de 2020 a sul da ilha do Pico; e o segundo lugar da categoria Fotojornalismo com uma história sobre os tubarões-azuis do arquipélago açoriano.

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Um conjunto de fotografias de Nuno Vasco Rodrigues nos mares dos Açores valeu ao fotógrafo submarino português a atribuição de dois prémios numa das maiores competições anuais de fotografia relacionada com o oceano organizada pela Ocean Geographic Society. São eles o primeiro lugar na categoria de Fotografia de Conservação do Ano com uma imagem tirada em Agosto de 2020 a sul da ilha do Pico; e o segundo lugar da categoria Fotojornalismo com uma história sobre os tubarões-azuis do arquipélago açoriano.

Profundamente apaixonado pela vida submarina, Nuno Vasco Rodrigues faz do oceano o seu escritório e da sua câmara arma de arremesso para alertar para os problemas que assolam os nossos mares e oceano, como contava ao PÚBLICO em Outubro de 2020.

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A foto premiada em primeiro lugar na categoria de conservação Nuno Vasco Rodrigues

É por isso que estes dois prémios atribuídos este mês pela Ocean Geographic Society, uma instituição que promove fóruns de discussão acerca de conservação marinha através da ciência, tecnologia e arte, têm para o fotógrafo e mergulhador um “valor muito significativo, especialmente pelas categorias em que se inserem (conservação e fotojornalismo)”, confessa agora ao PÚBLICO. “Através do fotojornalismo, procuro trazer ao grande público histórias que penso serem relevantes e que mostram um pouco do que se passa no oceano, quer seja negativo ou positivo, mas, acima de tudo, a necessidade de conservação.”

Em Agosto de 2020, a sul da Ilha do Pico, o fotógrafo acompanhava uma equipa de investigadores da Universidade dos Açores quando decidiu atirar-se para dentro de água e tirar aquela que é hoje para a Ocean Geographic Society a “fotografia de conservação do ano”. Andavam a procurar tartarugas-comum para “marcação, medição e colecta de tecidos e sangue para análise, mas também monitorizar o lixo marinho flutuante”, quando se depararam com uma das maiores ameaças que hoje as espécies marinhas enfrentam. “A determinada altura, encontrámos um agregado de cordas, cabos e redes e avançou-se para a sua retirada, para prevenir o emaranhamento de tartarugas ou outro tipo de vida marinha. Foi aí que resolvi saltar para a água e captar a imagem que me pareceu de imediato que poderia transmitir uma forte mensagem”, conta Nuno Vasco Rodrigues.

“Trata-se de um split-shot, ou seja, uma imagem que capta tanto o ambiente submerso como o emerso, ligando os dois mundos”, relata. Foi escolhida, numa fase final do concurso, como vencedora por Sylvia Earle, pioneira lendária do mundo subaquático e exploradora residente da National Geographic Society, que, segundo o fotógrafo português, classificou a fotografia como um “motivo de esperança, que atinge em cheio o coração”. O prémio por esta fotografia é um voucher de seis noites num resort de mergulho na Indonésia com tudo incluído, inclusivamente os mergulhos.

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Uma das fotos do trabalho premaido na categoria de fotojornalista Nuno Vasco Rodrigues

“As pessoas precisam de esperança”

Na categoria onde conseguiu arrecadar o segundo lugar, a de fotojornalista, os concorrentes devem submeter uma história e ilustrá-la com imagens e o mergulhador e fotógrafo português resolveu contar o caso dos tubarões-azuis, uma das espécies predilectas das suas lentes.

“A história que submeti era sobre o trabalho pioneiro que está a ser desenvolvido por uma equipa encabeçada também por investigadores da Universidade dos Açores acerca dos movimentos de tubarões-azuis nas águas locais”, conta-nos. “Através de uma metodologia inédita e não invasora de marcação, conseguem saber, por telemetria, os movimentos desses animais e assim perceber um pouco mais acerca da sua ecologia funcional, podendo definir melhores estratégias para a sua conservação”, acrescenta sobre o trabalho que lhe valeu como prémio um voucher de 500 dólares (cerca de 420 euros) numa futura expedição organizada pela Ocean Geographic Society e a publicação desta história numa futura edição da revista desta instituição.

Avaliada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) como uma espécie “criticamente ameaçada” no Mediterrâneo e “quase ameaçada” em todo o mundo, o tubarão-azul é a espécie de tubarão mais pescada a nível mundial devido à venda de barbatanas para o mercado asiático.

Apesar de ter a denúncia das ameaças de que a vida marinha é alvo como uma das suas bandeiras, o fotógrafo português reconhece que o pessimismo que é transmitido pode acabar por ser contraproducente em termos de conservação. “As pessoas precisam de esperança, de saber que ainda vamos a tempo de inverter o que está errado” e foi isso que tentou fazer com as suas fotografias.​ “Neste caso, ambas as distinções são dadas a histórias que mostram o lado positivo do que se anda a fazer pelo oceano, transmitindo esperança”, remata.

Texto editado por Teresa Firmino