Partido de Netanyahu apresenta moção de censura contra novo Governo de Israel

Moção acusa Governo de ter sido estabelecido através de “fraude e mentiras”. No mesmo dia, Benjamin Netanyahu viu rejeitado o pedido para adiar o julgamento por corrupção.

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Líder do Likud e antigo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu RONEN ZVULUN/Reuters

O partido Likud, do antigo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, apresentou esta quarta-feira uma moção de censura contra o novo Governo de Israel, apenas três dias depois de Naftali Bennett ter sido indigitado como novo primeiro-ministro no Knesset.

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O partido Likud, do antigo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, apresentou esta quarta-feira uma moção de censura contra o novo Governo de Israel, apenas três dias depois de Naftali Bennett ter sido indigitado como novo primeiro-ministro no Knesset.

A moção, que será votada a 21 de Junho, foi apresentada pelo líder do grupo parlamentar do Likud, Miki Zohar, em nome de vários partidos da oposição, argumentando que o executivo “foi estabelecido através de mentiras e fraude”.

O Likud salienta que o Governo de Bennet, formado por uma coligação de oito dos 13 partidos com representação parlamentar, “não conta com um mandato popular”, segundo avançou o diário israelita Times of Israel.

O próprio Netanyahu pediu na segunda-feira “uma disciplina de ferro” entre os partidos da oposição para conseguir derrubar o novo Governo e prometeu dificultar a sua acção para “conseguir a redenção do povo e do Estado de Israel”.

Bennett chegou ao poder através de uma ampla coligação de Governo que engloba, na prática, a totalidade do espectro político e que lhe permitirá desempenhar o cargo de primeiro-ministro durante os dois próximos anos, até ser substituído pelo líder do partido centrista Yesh Atid, Yair Lapid.

Tribunal recusa adiar julgamento de Netanyahu

Um tribunal de Israel rejeitou esta quarta-feira a petição dos advogados do ex-primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, para adiar até Setembro o julgamento contra Netanyahu por acusações de corrupção.

A decisão do Tribunal da Comarca de Jerusalém foi conhecida depois de os advogados de Netanyahu e do antigo CEO da empresa de telecomunicações Bezeq, Shaul Elovitch, pedirem a suspensão dos processos para analisar os casos e as novas provas apresentadas.

O Tribunal da Comarca de Jerusalém decidiu, no entanto, autorizar a suspensão do julgamento por três semanas para permitir que a defesa analise novas provas. Os advogados do antigo primeiro-ministro salientaram na semana passada que não tinham acesso a conversas relevantes do telefone de Ilan Yeshua, antigo CEO do portal Walla, relacionadas com a cobertura mediática às actividades do Governo de “Bibi” e à oposição.

A procuradora Yehudit Tirosh defendera o adiamento por suas semanas do interrogatório de forma a ter tempo suficiente para analisar o telemóvel de Yeshua e entregar os resultados da investigação à defesa, acabando o tribunal por decidir-se pelo adiamento por três semanas.

Os juízes deram à acusação até 28 de Junho para entregar as novas provas. O julgamento recomeçará em 5 de Julho com a continuação do testemunho de Yeshua, a primeira testemunha a ser chamada no julgamento de Netanyahu, indicou o tribunal.

Benjamin Netanyahu é acusado de receber subornos, de fraude e abuso de confiança em três casos separados, na sequência das investigações lideradas pelo procurador-geral, Avichai Mandelblit. O antigo primeiro-ministro negou as acusações e falou de uma “caça às bruxas” e de “golpe de Estado judicial”.

Na acusação mais grave responde por suborno, fraude e abuso de confiança para implementar normas que beneficiaram Elovitch, accionista maioritário do grupo Bezeq, em troca de uma cobertura favorável no portal Walla.

No segundo caso, o ex-primeiro-ministro é acusado de fraude e abuso de confiança por receber presentes ilícitos no valor de 700 mil shekels (cerca de 183 mil euros) em troca de favores políticos.

Uma última acusação deve-se a suspeitas de fraude e abuso de confiança por acordar com o jornal Yedioth Ahronoth prejudicar o diário concorrente Israel Hayom – favorável a Netanyahu – em troca de uma cobertura mais favorável do então primeiro-ministro no primeiro órgão de comunicação social.