Banco de Portugal revê em alta previsão de crescimento em 2021 para 4,8%
Retoma do consumo e do investimento está a ser mais forte do que o esperado já no segundo trimestre. A partir da segunda metade do ano, o contributo para o crescimento virá mais, espera-se, das exportações, principalmente de serviços.
A melhoria mais acentuada da confiança dos agentes económicos, que está já a conduzir a uma recuperação mais forte do consumo privado e do investimento, levaram o Banco de Portugal a rever nesta quarta-feira em alta as suas previsões de crescimento para a economia portuguesa, colocando a taxa de variação do PIB deste ano mais próximo da fasquia dos 5%.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A melhoria mais acentuada da confiança dos agentes económicos, que está já a conduzir a uma recuperação mais forte do consumo privado e do investimento, levaram o Banco de Portugal a rever nesta quarta-feira em alta as suas previsões de crescimento para a economia portuguesa, colocando a taxa de variação do PIB deste ano mais próximo da fasquia dos 5%.
De acordo com a entidade liderada por Mário Centeno, a economia portuguesa, depois da queda histórica de 7,6% no ano passado, deverá conseguir recuperar, em 2021, o valor do PIB em 4,8%. É uma taxa de crescimento superior à que era estimada pelo banco central há três meses e que não passava dos 3,9%.
O Banco de Portugal ficou também mais optimista em relação ao ritmo de crescimento da economia em 2022, ano para o qual prevê agora uma variação do PIB de 5,6%, quando em Março a projecção era de 5,2%. Para 2023, a previsão mantém-se nos 2,4%.
O supervisor da banca diz agora que “o crescimento acumulado da actividade face a 2019 será semelhante em Portugal e na área do euro”, sendo que na economia nacional o regresso aos níveis anteriores à crise ocorrerá no início de 2022.
Os números agora apresentados ficam acima das metas traçadas pelo Governo no Programa de Estabilidade divulgado em Abril. O executivo prevê nesse documento um crescimento de 4% este ano e de 4,9% em 2022. No entanto, o ministro das Finanças, João Leão, tem vindo, nas últimas semanas, a pôr a hipótese de o ritmo de retoma poder vir a ser mais elevado este ano, chegando aos 5%.
O banco central ficou igualmente mais optimista do que a Comissão Europeia, que, no passado mês de Maio, apresentou para Portugal projecções de crescimento de 3,9% este ano e de 5,1% em 2022.
No boletim económico divulgado nesta quarta-feira, o Banco de Portugal explica a revisão em alta que fez nas suas previsões com o facto de existirem agora “perspectivas mais positivas para a actividade no curto prazo, essencialmente relacionadas com a melhoria da confiança dos agentes económicos, que se traduz numa reacção mais rápida do que esperado da actividade económica ao levantamento das restrições a partir de Março de 2021”.
O banco assinala que “a recuperação da economia é impulsionada no segundo trimestre de 2021 pela procura interna, em particular pelo consumo privado”, ao passo que a partir daí, no segundo semestre de 2021 e em 2022, “o contributo das exportações é mais significativo, reflectindo a recuperação da componente de serviços”.
De facto, olhando para as previsões do banco central para as diversas componentes do PIB, observa-se uma revisão em alta acentuada na projecção feita para a variação do consumo privado este ano, que passa de 2% em Março para 3,3% agora. Também no investimento público, a previsão melhorou de um crescimento esperado em Março de 3,6% para 7,6% nas actuais projecções.
Em 2022, a previsão de retoma da procura interna mantém-se praticamente inalterada (passou de 4,6% para 4,7%) e a principal melhoria nas expectativas regista-se ao nível das exportações, componente para a qual o banco central antecipa agora um crescimento 13,1% (contra os 11,5% de Março).
As diferenças na velocidade da retoma registam-se, contudo, também entre os vários tipos de consumo. Enquanto no caso do consumo de bens duradouros, o Banco de Portugal admite “que a realização de despesas adiadas durante a crise se traduza num elevado crescimento ao longo do horizonte de projecção”, já no consumo de serviços (como a restauração ou o turismo), espera-se que a retoma seja feita “de forma gradual, com a vacinação e o levantamento das medidas de contenção”, sendo que, “ao contrário dos bens, a compensação de despesas em serviços não realizadas no passado tende a revelar-se mais difícil”.