Afinal, Gareth Bale ainda sabe como se faz
Apesar de ter falhado um penálti, o jogador galês fez o que quis nesta partida, criando vários lances de golo. Só o desacerto dos colegas na finalização impediu um triunfo ainda mais folgado de Gales frente à Turquia.
Há quem diga que Gareth Bale é menos talentoso do que fazem dele e quem aponte que se não confirmou as altas expectativas foi apenas por falta de empenho – diz-se que o galês gosta mais de paródia e golfe do que de trabalho árduo.
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Há quem diga que Gareth Bale é menos talentoso do que fazem dele e quem aponte que se não confirmou as altas expectativas foi apenas por falta de empenho – diz-se que o galês gosta mais de paródia e golfe do que de trabalho árduo.
Nesta quarta-feira, aos 31 anos, o jogador britânico mostrou que ainda sabe como se faz, transcendência já habitual quando representa a selecção. Num autêntico recital de futebol, Bale “abriu o livro” (duas assistência para golo e outras duas não concretizadas) no triunfo (2-0) frente à Turquia, em jogo do grupo A do Euro 2020, uma partida arbitrada pela equipa portuguesa composta por Artur Soares Dias, Paulo Soares, Rui Licínio e João Pinheiro.
O resultado deixa os galeses na liderança provisória do grupo, até ao Itália-Suíça (20h, RTP), e não abona a favor dos intentos turcos: com duas derrotas em dois jogos (e sem golos marcados), o apuramento para os oitavos-de-final já só poderá chegar por via de ser um dos melhores terceiros classificados.
No Estádio Olímpico de Baku, no Azerbaijão, o País de Gales, equipado à Austrália, num uniforme amarelo e verde, repetiu várias vezes a mesma receita, esperando resultados diferentes. Diz o povo que essa é estratégia errada, mas Gales foi recompensado.
Aos 7’, Gareth Bale deixou Aaron Ramsey na cara do golo, com um passe em profundidade. O médio, isolado, falhou. Aos 24’, Gareth Bale deixou Aaron Ramsey na cara do golo, com um passe em profundidade. O médio, isolado, falhou. Aos 43’, Gareth Bale deixou Aaron Ramsey na cara do golo, com um passe em profundidade. O médio, isolado, marcou. À terceira, o desfecho foi, finalmente, distinto, com passe, domínio de peito e finalização perfeitos (vídeo em baixo).
A Turquia não parecia estar a ver o mesmo jogo do que as restantes pessoas, dada a forma como permitiu ao País de Gales a repetição da mesma jogada. Bale pedia a bola entrelinhas, Ramsey corria da zona média para as costas da defesa turca e ficava só com o guarda-redes pela frente.
O trabalho defensivo turco era bizarro, pela forma estranha como permitia sempre os mesmos movimentos, mas o ofensivo, com Çalhanoglu pouco em jogo, não era melhor. Tal como na primeira jornada, frente à Itália, a Turquia pareceu algo perdida em campo, com jogadores mal distribuídos no espaço e pouco capazes de dar linhas de passe. O capitão, Burak Yilmaz, reclamou mais do que uma vez com os colegas de equipa.
Os turcos só criavam perigo de bola parada, como aconteceu duas vezes aos 29’, e como aconteceu aos 54’, num falhanço tremendo de Yilmaz, que enviou a bola para a bancada do Olímpico de Baku.
Pouco depois, Artur Soares Dias apitou penálti sobre Bale e o galês repetiu o que Yilmaz tinha feito há minutos: dos 11 metros, enviou a bola para a bancada. Bale não soube “matar” o jogo e a partida parecia destinada a ser de sofrimento até ao final. A Turquia pouco perigo criava, mas Gales, aos 78’ por parte de Daniel James, voltou a falhar uma oportunidade clara para encerrar as contas.
Deixando o resultado em aberto, os galeses puseram-se a jeito. Aos 87’, novamente num canto – só assim a Turquia lá chegava –, Demiral esteve perto de um golo só impedido pela grande defesa de Ward.
A paz galesa chegou já nos descontos, quando Bale pegou na bola num canto curto, conduziu tranquilamente pela linha de baliza, sem oposição feroz, e assistiu Roberts para 0 2-0.
Os galeses, dado o domínio, deveriam ter tido uma tarde bem mais tranquila e estão a surpreender novamente, depois do grande desempenho no Euro 2016. Já a Turquia presta-se a ser uma das principais desilusões deste Europeu.