Pequim enviou 28 aviões militares para a maior incursão em espaço aéreo de Taiwan

Especialista considera que se trata de um aviso de Pequim de que “não renunciou ao uso da força contra Taiwan” e tem intenção de “confrontar activamente” quem a tal se opuser.

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Pequim considera Taiwan parte do território chinês JASON LEE/Reuters

As forças armadas chinesas enviaram esta terça-feira 28 aviões militares em direcção ao espaço de defesa aérea de Taiwan, a maior demonstração de força de Pequim desde que este tipo de incursões se tornou recorrente no último ano, avançou o Ministério da Defesa taiwanês. A acção surge dias depois de os líderes do G7 terem apelado a uma resolução pacífica do conflito entre a China e Taiwan.

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As forças armadas chinesas enviaram esta terça-feira 28 aviões militares em direcção ao espaço de defesa aérea de Taiwan, a maior demonstração de força de Pequim desde que este tipo de incursões se tornou recorrente no último ano, avançou o Ministério da Defesa taiwanês. A acção surge dias depois de os líderes do G7 terem apelado a uma resolução pacífica do conflito entre a China e Taiwan.

A incursão do Exército de Libertação Popular contou com vários tipos de aviões de combate, incluindo 14 J-16 e seis J-11, além de bombardeiros, referiu o ministério. A força aérea chinesa rondou a ilha, no Sudoeste da zona de defesa aérea das disputadas ilhas Pratas, controladas por Taipé, e os bombardeiros e outros aviões aproximaram-se do sul da ilha de Taiwan.

Várias aeronaves taiwanesas descolaram para interceptarem e alertarem os aviões chineses.

Incursões semelhantes têm sido relatadas pelas autoridades taiwanesas nos últimos meses: antes desta terça-feira, a incursão de maior tamanho registou-se a 12 de Abril, quando foram contabilizados 25 aviões chineses. O Ministério da Defesa chinês ainda não comentou o sucedido.

Drew Thompson, antigo responsável do Departamento de Defesa norte-americano que supervisionava as relações com a China, e agora investigador convidado na Universidade Nacional de Singapura, disse que “esta missão serve para lembrar que a China não renunciou ao uso da força contra Taiwan, e o tamanho e a composição [dessa força] transmitem a intenção de Pequim de confrontar activamente, com recursos militares se necessário, quem se opuser”, citou a Bloomberg.

O Governo chinês considera Taiwan parte do território chinês, o que Taipé rejeita. Também por isso, Pequim descreveu no passado estas missões como necessárias para proteger a sua soberania e para lidar com o conluio entre Taipé e Washington. 

Thompson continua que, enquanto a força área chinesa agir de acordo com as normas e acordos internacionais, o risco de confrontos é baixo. Se agir de forma mais imprudente, contudo, “o risco de um confronto aumenta consideravelmente”.

Desde a tomada de posse do Presidente norte-americano, Joe Biden, Washington tem trocado avisos com Pequim em relação a Taiwan, aumentando a tensão no Mar do Sul da China. Sendo um dos assuntos mais sensíveis para Pequim, o Governo chinês tem apelado aos EUA para que não interfiram nos seus assuntos internos. 

Os líderes do G7 mostraram a sua preocupação sobre a disputa no Mar do Sul da China na cimeira do fim-de-semana. No comunicado final apelaram a uma resolução pacífica para as questões do Estreito de Taiwan, destacando a importância da paz e estabilidade na região.