NATO: PCP condena Governo português por se associar a um projecto “perigoso”

Comunistas entendem que a cimeira da NATO é “um novo passo na perigosa estratégia” para reforçar um bloco político-militar como um “instrumento de ingerência e agressão ao nível mundial”.

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Foto de arquivo da Festa do Avante! Rui Gaudencio

O PCP atacou a “perigosa estratégia” da cimeira da NATO, nesta segunda-feira em Bruxelas, como “instrumento de agressão ao nível mundial” e condenou o Governo português por se associar a este “perigoso projecto de reforço” da aliança.

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O PCP atacou a “perigosa estratégia” da cimeira da NATO, nesta segunda-feira em Bruxelas, como “instrumento de agressão ao nível mundial” e condenou o Governo português por se associar a este “perigoso projecto de reforço” da aliança.

Em comunicado, o PCP afirma que a cimeira da NATO é “um novo passo na perigosa estratégia” para “reforçar este bloco político-militar como um instrumento de ingerência e agressão ao nível mundial”, para impor “o domínio hegemónico dos EUA e de outras potências imperialistas sobre os povos do mundo”.

Para os comunistas, a Aliança Atlântica, que “contou com a ditadura fascista de Salazar” entre os seus fundadores, tem sido “responsável por décadas de guerras e agressões – da Jugoslávia à Líbia –, em violação sistemática da Carta da ONU e do direito internacional”.

E a agenda da reunião desta segunda-feira, o Conceito Estratégico e a denominada “Agenda NATO 2030”, “centrados no objectivo da confrontação com a China e a Rússia”, torna “evidentes os sérios riscos de uma tal estratégia”, alimentada por “sectores mais belicistas e reaccionários das potências imperialistas”.

Dos nove parágrafos do comunicado, um é dedicado ao Governo, criticado por assumir “uma grave responsabilidade ao associar-se ao perigoso projecto do reforço da NATO”, que é uma “afronta à Constituição da República Portuguesa que consagra a paz, o desarmamento, a dissolução de todos os blocos político militares”.

O primeiro-ministro, António Costa, defendeu que a cimeira da NATO, esta segunda-feira, em Bruxelas, é “muito importante” porque vai permitir o “reencontro” entre a Europa e os Estados Unidos, o que é “particularmente importante” para Portugal.

Sublinhando que o “reforço da dimensão transatlântica é absolutamente essencial”, António Costa avançou que é “particularmente importante para Portugal”, devido à sua posição geográfica, que, através dos Açores, coloca o país na “fronteira do extremo ocidental europeu com os Estados Unidos da América”.

Os chefes de Estado e de Governo da NATO reúnem-se esta segunda-feira em Bruxelas para “reforçar o laço transatlântico”, abordar os desafios criados por China e Rússia, e projectar o futuro da Aliança num mundo de “competição global”, segundo as palavras do secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg.

Naquela que é a primeira cimeira a contar com a participação do novo Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, os líderes da NATO irão também abordar o processo de reflexão NATO 2030, que visa projectar o futuro da Aliança e desembocar na revisão do seu conceito estratégico, que data de 2010.