Tenham vergonha, Iniciativa Liberal
O que aconteceu no Arraial que teve lugar em Lisboa foi grave. Não só pelo quadro legal utilizado para a realização do evento, que vai em linha com o ideário deste partido, mas também pelo tiro ao alvo a adversários políticos.
Desde a sua génese, de um prisma estritamente marketeer da coisa, é quase divertido acompanhar a comunicação da Iniciativa Liberal. Pelo conteúdo das ideias? Não, pela demonização ao papel dos governantes do Partido Socialista. É claro que, compreendendo a lógica da comunicação política, sabemos que a “mensagem" opositória passa mais facilmente se atribuirmos caras aos alvos a abater – António Costa, Eduardo Cabrita e Pedro Nuno Santos tendem a ser os ministros mais odiados pela direita, que ainda não se conforma por demorarem anos até (não) ser tempo de regressar ao poder.
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Desde a sua génese, de um prisma estritamente marketeer da coisa, é quase divertido acompanhar a comunicação da Iniciativa Liberal. Pelo conteúdo das ideias? Não, pela demonização ao papel dos governantes do Partido Socialista. É claro que, compreendendo a lógica da comunicação política, sabemos que a “mensagem" opositória passa mais facilmente se atribuirmos caras aos alvos a abater – António Costa, Eduardo Cabrita e Pedro Nuno Santos tendem a ser os ministros mais odiados pela direita, que ainda não se conforma por demorarem anos até (não) ser tempo de regressar ao poder.
A propaganda ganha, assim, um eixo mais humanista, que é tudo aquilo que as boas práticas do marketing nos ensinam a fazer. Este exercício, além de intelectualmente desonesto, é totalmente desprovido de conteúdo, chegando a ser perigoso para o cidadão-comum, aquele que pouco tempo tem para se dedicar a ler a elite do Twitter e das colunas de opinião dos jornais. O povo, aquele que se desloca em transportes públicos atulhados, vê um cartaz da IL e retém, em vez de ideias para uma sociedade melhor, os nomes e as caras dos “culpados” que, alegadamente, justificam as suas vidas desafiantes.
Mas o escamotear das boas maneiras da IL não se esgota em sentido de humor (que, convenhamos, muito faz falta em política). O que aconteceu no Arraial que teve lugar em Lisboa foi grave. Não só pelo quadro legal utilizado para a realização do evento, que vai em linha com o ideário deste partido, o do elitismo; mas também pelo tiro ao alvo a adversários políticos.
Esta liberalização do ódio não honra, em nada, a celebração dos direitos, liberdades e garantias que, supostamente, o tal arraial teria como intuito comemorar. Pelo contrário, o fomento da antipatia começa a resvalar no inaceitável numa sociedade civil que se quer plural, sim, mas respeitadora de todos os eixos. Incitar ao ódio e à violência, Iniciativa Liberal, é crime. Dir-me-ão: “É uma piada”. Sim, claro que é, mas está em linha com uma visão de ver o mundo que não se coaduna com a minha e que não prima pelo respeito.
A direita lembrou-se que o mundo tem de continuar a correr no pós-covid-19. A celeuma é que ainda estamos no durante. E acções destas só vêm mostrar o quão acossada está por vivermos num país à esquerda.