APEFE pede mais informações da DGS sobre testes em espectáculos
O promotor Álvaro Covões acha “bizarro” que continue sem se saber a que eventos se aplicará a regra recentemente anunciada pelo Governo.
A Associação de Promotores de Espectáculos, Festivais e Eventos (APEFE) quer mais esclarecimentos da Direcção-Geral da Saúde (DGS) sobre a obrigatoriedade de realização de testes à covid-19 em eventos culturais, e lamenta a ausência de informações.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A Associação de Promotores de Espectáculos, Festivais e Eventos (APEFE) quer mais esclarecimentos da Direcção-Geral da Saúde (DGS) sobre a obrigatoriedade de realização de testes à covid-19 em eventos culturais, e lamenta a ausência de informações.
“Não sabemos o que está em causa, não está claro se [a testagem obrigatória] é para todos os espectáculos ou para os espectáculos acima de uma determinada lotação. Está confuso e parece-nos bizarro”, afirmou à agência Lusa o promotor Álvaro Covões, da direcção da APEFE.
Na passada quarta-feira, o Conselho de Ministros aprovou a obrigatoriedade de realização de testes de diagnóstico à covid-19 para a entrada em eventos desportivos e culturais e para a participação em eventos familiares, incluindo casamentos e baptizados.
Na altura, a ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, explicou que cabe à DGS definir o número de participantes por evento a partir do qual é exigida a realização de teste à covid-19.
As associações do sector dos espectáculos têm tido reuniões regulares com a DGS e o Governo, a última das quais na sexta-feira passada, e dizem ainda aguardar mais informações.
Em Abril e Maio, tiveram lugar vários eventos-piloto, em Braga, Coimbra e Lisboa, com plateia em pé e sentada. O acesso aos eventos pressupunha a realização prévia de testes de diagnóstico aos espectadores. Os espectáculos, realizados em articulação com a DGS e a Cruz Vermelha Portuguesa, tinham como objectivo, segundo o Governo, definir “novas orientações técnicas e a realização de testes de diagnóstico de SARS-CoV-2 para a realização de espectáculos e festivais”. Mais de um mês depois, não foram ainda divulgadas as conclusões desses eventos.
Segundo Álvaro Covões, a DGS informou as associações na sexta-feira de que terá tido “um problema informático” com os dados dos espectadores que participaram nos eventos-piloto. A agência Lusa tentou, sem sucesso, obter mais esclarecimentos da DGS.
Enquanto promotor de espectáculos, Álvaro Covões considera que a obrigatoriedade de teste de diagnóstico antes de eventos culturais, com custos para os espectadores, será “uma catástrofe para o sector cultural”.
“Se agora há pouco público, [com teste obrigatório pago] ainda haverá menos, [atendendo à] chatice que é fazer um teste a cada espectáculo. E depois há o princípio da proporcionalidade, pode ser mais caro o teste do que o bilhete do espectáculo. É completamente sem nexo e sem organização. Vamos esperar que o bom senso predomine e saia uma decisão adequada à realidade”, lamentou o promotor.
No domingo, a Associação Espectáculo - Agentes e Produtores Portugueses defendeu que os testes de diagnóstico à covid-19 devem ser gratuitos em eventos culturais e, como contrapartida, pede um aumento da lotação das salas.
À Lusa, Rafaela Ribas, da direcção da Associação Espectáculo, afirmou que a decisão de quarta-feira do Conselho de Ministros provocou “uma paragem quase total na venda de bilhetes”.
“Os espectadores vêem que vai ser preciso testar em eventos, há muita incerteza e isso leva a uma retracção da compra e, neste momento, as bilheteiras estão paradas a aguardar uma definição melhor”, disse.