Medina critica “utilização alterada” da lei de manifestação pela Iniciativa Liberal
Presidente da Câmara de Lisboa diz que a cidade se comportou de forma exemplar na noite de Santo António, cumprindo as recomendações anticovid, com excepção para a Iniciativa Liberal, que organizou um arraial em Santos.
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa criticou este domingo o arraial promovido pela Iniciativa Liberal (IL), considerando que se tratou “de uma utilização alterada” da lei de manifestação e que contrastou com “o comportamento exemplar” dos lisboetas.
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O presidente da Câmara Municipal de Lisboa criticou este domingo o arraial promovido pela Iniciativa Liberal (IL), considerando que se tratou “de uma utilização alterada” da lei de manifestação e que contrastou com “o comportamento exemplar” dos lisboetas.
“Relativamente àquilo que assistimos da parte da Iniciativa Liberal, trata-se de uma utilização alterada daquilo que a lei prevê, que é a liberdade de manifestação, que foi utilizada da forma que se viu de um partido político que actuou em excepção e contrária ao que vimos por toda a cidade”, disse Fernando Medina aos jornalistas, após a inauguração do Parque Urbano Gonçalo Ribeiro Telles, na Praça de Espanha.
Em reacção ao arraial promovido no sábado em Lisboa pela IL e que reuniu centenas de pessoas, numa altura em que a capital está em alerta devido ao elevado número casos de covid-19 e que a Câmara Municipal de Lisboa (CML) decidiu cancelar os festejos de Santo António, o autarca sublinhou que “um partido político decidiu dar um sinal contrário”.
O presidente da CML frisou que o IL “não cumpriu as regras da Direcção-Geral da Saúde” e pensou que “podia fazer de uma manifestação um festejo à revelia de qualquer regra”.
“Toda a cidade compreendeu a exigência do momento e a importância de fazermos mais um esforço até à vacinação estar mais ampliada para não expandir e propagandear a doença”, disse, realçando que “o comportamento ficou com esse partido”.
Fernando Medina destacou ainda o exemplo que os lisboetas deram na noite dos Santos Populares.
“No momento em que a pandemia dá sinais de crescer na cidade de Lisboa, o que nós assistimos foi um comportamento absolutamente exemplar da generalidade das pessoas”, disse.
Apesar de a Câmara Municipal de Lisboa ter cancelado os festejos tradicionais dos Santos Populares e de as autoridades de saúde terem emitido um parecer desfavorável, a IL agendou um arraial comício para a tarde de sábado, ocupando o Largo Vitorino Damásio, em Santos, com dezenas de mesas, quiosques de venda de bebidas, assim como quatro generosos assadores para sardinhas e bifanas.
Num parecer a que a agência Lusa teve acesso, o delegado de Saúde Regional de Lisboa e Vale do Tejo, António Carlos da Silva, mostrou-se “desfavorável relativamente a todas as actividades que extravasem o referido comício político”, defendendo que “atendendo ao princípio de precaução em saúde pública, e pela situação epidemiológica actual na cidade de Lisboa, a mesma não deverá ocorrer e ser adiada”.
Em Agosto de 2020, depois de o PCP ter decidido manter a realização da Festa do Avante, o presidente e único deputado da IL, João Cotrim de Figueiredo, apresentou na Assembleia da República um requerimento para que fosse divulgado na íntegra o parecer da Direcção-Geral da Saúde (DGS) sobre aquela iniciativa.
No requerimento, o presidente da IL alegava existirem “dois pesos e duas medidas em matéria de grandes eventos” em Portugal e que a realização da Festa do Avante colocava em causa “os sacrifícios dos últimos meses”, ao longo dos quais as regras de contenção da pandemia impediram a realização de festas.