G7 escolhe China como alvo e promete vacinas para países mais pobres
Na cimeira que marcou o regresso dos EUA à diplomacia global, líderes mundiais comprometeram-se também a acelerar o combate à emergência climática.
Na primeira cimeira presencial em dois anos, os líderes do G7 comprometeram-se, este domingo, a redobrar os esforços de combate à pandemia, a acelerar a luta contra a emergência climática e a contrariar a influência da China, objectivos que ficaram expressos no comunicado final do grupo dos sete países com economias avançadas e sociedades abertas, que decorreu na Cornualha, Reino Unido.
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Na primeira cimeira presencial em dois anos, os líderes do G7 comprometeram-se, este domingo, a redobrar os esforços de combate à pandemia, a acelerar a luta contra a emergência climática e a contrariar a influência da China, objectivos que ficaram expressos no comunicado final do grupo dos sete países com economias avançadas e sociedades abertas, que decorreu na Cornualha, Reino Unido.
A estreia do Presidente norte-americano Joe Biden marcou, também, o regresso dos Estados Unidos aos palcos cimeiros da diplomacia global, depois dos quatro anos de “America First” de Donald Trump.
“A América está de volta ao trabalho de liderar o mundo ao lado de nações que partilham os nossos valores mais próximos”, afirmou Biden na conferência de imprensa a seguir ao final dos trabalhos em Carbis Bay, no Sudoeste de Inglaterra.
No que qualificou como uma reunião “extraordinariamente colaborativa e produtiva”, o Presidente dos EUA disse ter sentido um “entusiasmo genuíno” com a sua participação na cimeira. “Penso que fizemos progressos no restabelecimento da credibilidade americana entre os nossos amigos mais próximos”, referiu Biden que, durante o encontro, manteve reuniões bilaterais com a maioria dos líderes mundiais presentes.
A vontade dos EUA em liderar o mundo ficou bem marcada nas decisões tomadas na Cornualha e na subsequente declaração conjunta, que incluiu a crítica explícita ao uso de trabalho forçado e outros abusos dos direitos humanos pela China, para além de ter conseguido ver aprovado o imposto mínimo de 15% sobre empresas multinacionais.
Durante os três dias da cimeira, o espectro da China pairou sobre os líderes do G7. A começar pelo anúncio do plano de infra-estrutura global destinado a rivalizar com a Nova Rota da Seda chinesa e a acabar no comunicado final, onde exortaram Pequim a “respeitar os direitos humanos” da minoria muçulmana dos uigures na província de Xinjiang e “os direitos, liberdades e alto grau de autonomia de Hong Kong consagrados na Declaração Conjunta Sino-Britânica”.
Reconhecendo a China como um concorrente, os países do G7 prometeram continuar a “desafiar políticas e práticas contrárias à economia de mercado”, mas mostraram-se dispostos a colaborar com Pequim a nível multilateral quando for do “interesse mútuo” em questões como as alterações climáticas e a perda de biodiversidade.
Na declaração conjunta coube ainda o apelo à Organização Mundial da Saúde (OMS) para abrir uma investigação mais aprofundada sobre a origem do novo coronavírus na China.
No que à pandemia diz respeito, o G7 comprometeu-se a doar mais de mil milhões de doses de vacinas até o final de 2022 aos países mais pobres. Segundo afirmou o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, serão fornecidas directamente 870 milhões de doses ou por meio de financiamento, o que elevará o compromisso total desde o início da pandemia de covid-19 para os dois mil milhões de doses. Já a França garantiu que vai duplicar o número de doses com que se tinha comprometido inicialmente, aumentando para 60 milhões de doses até ao final de 2021.
Decidida ficou também a aceleração das medidas destinadas a combater a emergência climática, sem que o comunicado final, no entanto, indicasse quaisquer prazos. Prometida ficou “uma revolução verde que criará empregos e limitará o aquecimento global a 1,5 graus, um limite além do qual os cientistas acreditam que a mudança climática ficará fora de controlo”, lê-se na declaração conjunta.
Os países do G7 comprometeram-se ainda a alcançar zero emissões líquidas de gases com efeito de estufa até 2050, e a reduzir as emissões de carbono em 50% até 2030, comparativamente a 2010, ao mesmo tempo que quer mais rapidez na proibição de novos veículos a diesel e a gasolina e na transição para veículos eléctricos.
Sobre a biodiversidade, a meta definida pelos líderes do G7 é de preservar ou proteger pelo menos 30% das terras e oceanos até 2030.