Quinta devoluta em Oeiras pode ser solução para a Escola de Dança do Conservatório Nacional

Alunos da Escola de Dança do Conservatório estão há três anos a ter aulas em diferentes edifícios com más condições, enquanto aguardam pelo fim das obras no Convento dos Caetanos.

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Daniel Rocha

Desde que se iniciou a reabilitação do Convento dos Caetanos, a Escola de Dança do Conservatório Nacional foi dividida por quatro espaços, alguns dos quais sem as condições necessárias ao ensino da dança, obrigando os alunos a constantes deslocações. A associação de pais acredita ter encontrado um local, onde seria possível concentrar a formação dos futuros bailarinos: uma quinta devoluta na zona da Cruz Quebrada, em Oeiras, que, após obras profundas, poderia acolher todas as actividades e até uma residência para os alunos deslocados e estrangeiros que frequentam a escola. 

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Desde que se iniciou a reabilitação do Convento dos Caetanos, a Escola de Dança do Conservatório Nacional foi dividida por quatro espaços, alguns dos quais sem as condições necessárias ao ensino da dança, obrigando os alunos a constantes deslocações. A associação de pais acredita ter encontrado um local, onde seria possível concentrar a formação dos futuros bailarinos: uma quinta devoluta na zona da Cruz Quebrada, em Oeiras, que, após obras profundas, poderia acolher todas as actividades e até uma residência para os alunos deslocados e estrangeiros que frequentam a escola. 

Apesar de não ser a sede da Escola de Dança, era no histórico edifício do Bairro Alto, essencialmente dedicado ao ensino da Música, que decorriam grande parte das aulas e onde o refeitório, lavandaria e guarda-roupa. Perante a paragem nas obras há mais de ano e meio, e considerando que mesmo depois de concluídas o edifício não oferecerá as melhores condições aos alunos da dança, os pais escreveram uma carta ao ministro da Educação a pedir que considere esta opção entretanto sugerida pela Câmara de Oeiras.

Na carta, datada de 12 de Maio, a associação de pais nota não poder “deixar que a situação de completo abandono a que foram votados os edifícios das Escolas Artísticas de Dança e Música do Conservatório Nacional, persista”. “As Escolas Artísticas de Dança e Música do Conservatório Nacional não são só os edifícios que há décadas se vêm degradando. São alunos, pessoal docente e não docente, pais e encarregados de educação. É toda uma comunidade que teima em não deixar morrer esta Instituição”, refere a missiva dirigida a Tiago Brandão Rodrigues. 

Uma solução definitiva

Ao PÚBLICO, a presidente da associação de pais, Maria João Ribeiro, explica que o contacto com a Câmara de Oeiras surgiu de contactos feitos pelos próprios encarregados de educação e reitera que esta seria uma “solução definitiva” para a Escola de Dança. “As obras no Convento dos Caetanos estão paradas e vão prolongar-se. Não vemos um fim a este processo. Não podemos permitir que crianças que começam agora a sua formação a terminem nestas condições”, nota. 

Do lado da direcção da escola, a proposta também é vista com agrado. “À direcção da escola agrada qualquer ideia que ofereça melhores condições aos alunos”, resume o director, Paulo Ferreira, confirmando já ter reunido com o município liderado por Isaltino Morais. 

Quanto a essa eventual mudança de Lisboa para Oeiras, o director não vê razões para que tal seja um obstáculo. “Se há uma autarquia disposta a fazer investimento e a distância não é tão grande, obviamente seria uma mais-valia para a escola”, refere. 

Esta quinta localiza-se junto à Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa e é propriedade do Estado, através da Direcção-Geral do Tesouro. Para a associação de pais, a proximidade com esta faculdade seria uma mais-valia, uma vez que existem protocolos entre as duas instituições. “É a oportunidade desta comunidade educativa concretizar o seu sonho. É a hipótese de podermos fazer parte do conjunto de escolas europeias de dança com as quais já somos identificados”, referem na carta.

Em Lisboa, a escola tem procurado soluções junto da Câmara de Lisboa (as instalações passaram recentemente para gestão da Câmara de Lisboa no âmbito da descentralização de competências na área da Educação), mas até agora não foi possível encontrar um local. 

Ao PÚBLICO, a Câmara de Oeiras confirma que, “até agora, houve contactos exploratórios informais, por enquanto sem qualquer consequência”. Mas assume que “no âmbito das negociações da Câmara Municipal de Oeiras com a Faculdade de Motricidade Humana e a Direcção-Geral do Tesouro será possível, na degradada Quinta da Graça, instalar uma Escola de Dança”. Quem sabe a tempo da Oeiras Capital Europeia da Cultura 2027, caso o município ganhe a corrida.

No programa de empreitadas e programação cultural do município para os próximos seis anos, este espaço está reservado para um projecto dedicado à dança. Se será para os futuros bailarinos do Conservatório Nacional ainda não se sabe. O PÚBLICO questionou também o Ministério da Educação sobre esta solução proposta por Oeiras, mas não obteve resposta.