Placido Domingo ovacionado e homenageado em Espanha após acusações de assédio sexual

Líder madrilena Isabel Diaz Ayuso considerou o regresso do músico a Espanha “uma fonte de orgulho”. A ministra da Igualdade, Irene Montero, criticou quem aplaudiu o cantor. “Gostava que perguntassem a si mesmos que mensagem estão a mandar àquelas mulheres e às mulheres que todos os dias são agredidas sexualmente no nosso país.”

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Plácido Domingo esta quinta-feira na homenagem em Madrid SERGIO PEREZ/Reuters

A estrela espanhola de ópera Plácido Domingo foi homenageado esta quinta-feira com um prémio no Teatro Real de Madrid, um dia depois de ter recebido uma ovação de pé na sua primeira actuação no seu país natal desde que um sindicato o acusou de regularmente assediar mulheres.

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A estrela espanhola de ópera Plácido Domingo foi homenageado esta quinta-feira com um prémio no Teatro Real de Madrid, um dia depois de ter recebido uma ovação de pé na sua primeira actuação no seu país natal desde que um sindicato o acusou de regularmente assediar mulheres.

No ano passado, Espanha cancelou as actuações previstas de Plácido Domingo em teatros com financiamento público e o cantor retirou-se de vários espectáculos depois de uma investigação do Sindicato Americano de Artistas Musicais ter concluído que se tinha comportado de forma desadequada com intérpretes femininas.

Mais de 30 cantoras, bailarinas, músicas, professoras de música e funcionárias de bastidores disseram que testemunharam ou sofreram  comportamentos impróprios de Plácido Domingo ao longo das últimas três décadas. Instituições como a Metropolitan Opera de Nova Iorque e a San Francisco Opera cancelaram os seus compromissos com Domingo e o cantor demitiu-se do cargo de director-geral da Los Angeles Opera.

Domingo pediu desculpas por ter causado desconforto às colegas mas nega alguma vez ter-se comportado de forma agressiva ou ter tentado impedir alguma colega de progredir na sua carreira. Não foram formalizadas quaisquer acusações criminais contra o cantor.

Na quarta-feira, o cantor regressou a Madrid para actuar num concerto de beneficência para a Cruz Vermelha, atraindo uma multidão — entre os presentes estava a presidente da comunidade de Madrid pelo Partido Popular, Isabel Diaz Ayuso, que considerou o regresso do músico a Espanha “uma fonte de orgulho”.

À chegada à cerimónia em que esta quinta-feira foi homenageado com o título de embaixador honorário do património mundial em Espanha, Domingo falou também do orgulho que sente por estar de volta e da emoção que lhe trouxe o concerto desta quarta-feira. “Sinto uma grande emoção, é a minha cidade, a grande cidade de Madrid... Depois de cantar ontem à noite... foi uma noite tão especial que sinto que tenho toda a força.”

No exterior do concerto, os seus fãs defenderam o legado de Domingo. “Adoramo-lo e seguimo-lo para quase todo o lado... Adoramo-lo como pessoa e como artista e como cantor”, disse Wilda, do sul da Alemanha, que viaja pelo mundo para assistir a concertos de Plácido Domingo.

A ministra da Igualdade, Irene Montero, uma figura de proa do feminismo em Espanha, criticou os que aplaudiram o cantor. “Gostava que perguntassem a si mesmos que mensagem estão a mandar àquelas mulheres e às mulheres que todos os dias são agredidas sexualmente no nosso país”, escreveu Montero no Twitter.

Nem Plácido Domingo nem a Cruz Vermelha, nem a Associação para a Disseminação e Promoção do Património Mundial Espanhol, que organizou a cerimónia, responderam aos contactos para responder a perguntas da Reuters. No site do cantor, aparecem concertos agendados para França, Alemanha, Itália ou Rússia, entre outros países, mas não há datas norte-americanas.