Pedro Adão e Silva e a polémica da comissão do 25 de Abril: “Não ando à procura de empregos”
Pedro Adão e Silva explicou que vai suspender o vínculo ao ISCTE para se dedicar a tempo inteiro às tarefas de comissário executivo das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril. E revelou que já não é militante do PS
Pedro Adão e Silva explicou esta quarta-feira na TVI que vai suspender o vínculo ao ISCTE para se dedicar a tempo inteiro às tarefas de comissário executivo das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril. “O que sei é que vou trocar o meu salário de professor pelo de dirigente da administração pública de 1º grau”, explicou, sobre o salário de cerca de 4500 euros brutos, acrescentando ainda, acerca da polémica em torno da sua nomeação e remunerações, que no “conjunto de estruturas de missão que existe, isto é o modelo mínimo, há casos em que as pessoas são equiparadas a secretário de Estado ou gestor público”.
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Pedro Adão e Silva explicou esta quarta-feira na TVI que vai suspender o vínculo ao ISCTE para se dedicar a tempo inteiro às tarefas de comissário executivo das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril. “O que sei é que vou trocar o meu salário de professor pelo de dirigente da administração pública de 1º grau”, explicou, sobre o salário de cerca de 4500 euros brutos, acrescentando ainda, acerca da polémica em torno da sua nomeação e remunerações, que no “conjunto de estruturas de missão que existe, isto é o modelo mínimo, há casos em que as pessoas são equiparadas a secretário de Estado ou gestor público”.
A Adão e Silva, que explicou que já não é militante do PS, foi-lhe pedido para “pensar numa celebração de um arco temporal longo, que imaginasse o país retrospectivamente de 1974 a 1976, ano em que já tínhamos consolidado um regime democrático pluralista com eleições legislativas, presidenciais, regionais e autárquicas e uma nova Constituição”.
As comemorações vão começar a “24 de Março de 2022 porque é o dia em que passamos a ter mais dias em democracia do que tivemos em regime ditatorial”, explicou ainda, considerando que "este convite foi uma grande honra e um enorme desafio”.
“Não ando à procura de empregos", respondeu, perante a crítica de se estar perante um caso de “jobs for the boys”, considerando que as críticas de Rui Rio foram “gravíssimas”. “Não deve seguir os meus comentários”, ironizou.
A nomeação do comentador socialista Pedro Adão e Silva para comissário executivo das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril suscitou várias críticas dos partidos de direita, que puseram em causa o perfil da personalidade escolhida e as condições remuneratórias de que vai usufruir: cerca de 4500 euros brutos por mês, mais uma equipa de apoio de até 12 pessoas, que inclui motorista e secretário pessoal.
Os presidentes do PSD, do CDS e da Iniciativa Liberal criticaram a nomeação, sugerindo mesmo que se trataria de um pagamento de favores pelos comentários que o professor de ciência política do ISCTE faz, há vários anos, em diversos órgãos de comunicação social. O primeiro-ministro, António Costa, reagiu com indignação, dirigindo-se sobretudo a Rui Rio: “É uma declaração tão insultuosa que, por uma questão de respeito com o líder da oposição, me exige que a ignore.”
“O que estou a fazer é perguntar publicamente para as razões objectivas para nomear durante cinco anos e meio, com este pagamento e porquê este nome, que aparece como comentador independente”, dissera Rio, contabilizando em cerca de 320 mil euros a soma das remunerações do cargo durante o período de funções. A tarefa só termina a 31 de Dezembro de 2026, de modo a “juntar no mesmo ciclo” as celebrações do “arco democrático que se iniciou no 25 de Abril de 1974 e que, ao longo do ano de 1976, passou pela aprovação da Constituição, pelas primeiras eleições legislativas, presidenciais e regionais e que culminou com as autárquicas no final desse mesmo ano”, como explica o texto da sua nomeação.
Surpreendido com as críticas, o Presidente da República, que deu o aval à nomeação do Governo, desdramatizou as críticas: “É um historiador, um politólogo, atento à realidade contemporânea do país, consensual, muito consensual, embora predominantemente no centro-esquerda do que à direita, mas muito consensual no quadro de uma data como é o 25 de Abril”.