Identificados 3913 menores separados dos pais pela Administração Trump
Crianças foram separadas na fronteira entre os EUA e o México ao abrigo da política de “tolerância zero” do ex-Presidente Donald Trump, que vigorou entre Julho de 2017 e Janeiro passado.
A Administração Biden anunciou que conseguiu identificar 3913 crianças migrantes que foram separadas dos respectivos pais na fronteira entre os Estados Unidos e o México durante a presidência de Donald Trump.
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A Administração Biden anunciou que conseguiu identificar 3913 crianças migrantes que foram separadas dos respectivos pais na fronteira entre os Estados Unidos e o México durante a presidência de Donald Trump.
A anterior Administração norte-americana adoptou uma política migratória de “tolerância zero”, com particular incidência na imigração sem documentos, o que levou a que muitas crianças fossem separadas dos respectivos progenitores na fronteira e que ficassem sob a custódia das autoridades em instalações governamentais, cujas condições foram frequentemente denunciadas como impróprias por organizações não-governamentais.
O grupo de trabalho criado pela Administração Biden para a reunificação destas famílias informou, esta semana, que identificou 3913 menores que foram separados dos progenitores na fronteira norte-americana entre 1 de Julho de 2017 e o final do mandato de Trump, a 20 de Janeiro de 2021.
O número divulgado é inferior às mais de 5500 crianças que foram identificadas em processos judiciais, com base em dados governamentais.
Mais casos em análise
O grupo de trabalho precisou que identificou “quase todas” as crianças que foram separadas ao abrigo da política migratória de “tolerância zero” de Trump, acrescentando, porém, que vai ainda rever outros 1723 casos, o que irá elevar para 5636 o número de processos examinados — ou seja, mais próximo da contagem apresentada nos processos judiciais.
A discrepância nos números poderá estar associada a uma decisão do tribunal federal de San Diego, na Califórnia, que excluiu os processos de 1723 crianças migrantes, que durante a política de “tolerância zero” de Trump foram separadas dos pais por outras razões, como risco de ameaça para o menor ou questões relacionadas com a filiação.
O grupo de trabalho também vai tentar determinar se foram separadas crianças durante os primeiros seis meses da Presidência Trump, que começou em Janeiro de 2017, período que não está abrangido pela contagem da Associação Americana das Liberdades Civis.
Como tal, o número final de crianças migrantes que foram separadas dos pais ainda pode aumentar.
Das 3913 crianças agora identificadas, 1786 já regressaram para junto de pelo menos um dos progenitores, a maioria ainda durante a Administração Trump.
Os pais de outras 1965 crianças já foram contactados, e ainda não foi possível determinar o paradeiro de outros 391 progenitores, segundo os dados fornecidos pelo grupo de trabalho, citados pela agência Associated Press.
Muitos menores foram entregues a outros membros da família.
Maioria da Guatemala
Os dados deste novo grupo de trabalho revelaram também que cerca de 60% das crianças separadas durante a política de “tolerância zero” da Administração Trump são da Guatemala (2270).
Crianças das Honduras (1150), El Salvador (281), México (75), Brasil (74) e da Roménia (23) também figuram na lista.
A Administração Biden prometeu reunir os pais que ainda estão separados dos respectivos filhos, mas o ritmo da reunificação destas famílias migrantes tem sido, até à data, lento.