Emmanuel Carrère distinguido com o Prémio Princesa das Astúrias das Letras
O autor de O Reino e O Adversário, que funde nos seus livros ficção, não ficção e a sua própria biografia, cria obras que, defendeu o júri, “contribuem para o desmascarar da condição humana e dissecam a realidade de uma maneira implacável”.
O escritor francês Emmanuel Carrère foi distinguido com o Prémio Princesa das Astúrias das Letras, anunciou a Fundação Princesa das Astúrias ao final da manhã desta quarta-feira. O autor de O Reino (Tinta-da-China, 2021) e O Adversário, também realizador de Amor Suspeito, entre outros filmes, e vencedor do Prémio Hemingway em 2019, sucede à poetisa canadiana Anne Carson.
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O escritor francês Emmanuel Carrère foi distinguido com o Prémio Princesa das Astúrias das Letras, anunciou a Fundação Princesa das Astúrias ao final da manhã desta quarta-feira. O autor de O Reino (Tinta-da-China, 2021) e O Adversário, também realizador de Amor Suspeito, entre outros filmes, e vencedor do Prémio Hemingway em 2019, sucede à poetisa canadiana Anne Carson.
Nascido a 9 de Dezembro de 1957 em Paris, Emmanuel Carrère vem construindo uma obra que começou por alternar a ficção e a não-ficção, antes de, no início dos anos 2000, passar a fundir as duas dimensões, bem como a próprio biografia do escritor, num corpo único. Assim sucede em Limonov (Sextante Editora, 2012), dedicado ao poeta e escritor russo Eduard Limonov, ou no supracitado O Adversário (Gótica, 2000; Tinta-da-China, 2019), aquele em que estreou o estilo e o método pelos quais é agora homenageado, e em que mergulha na vida e na mente tortuosa de Jean-Claude Romain, que assassinou a mulher, os filhos de ambos e os pais, num caso que chocou a França em 1993 – o livro foi adaptado ao cinema por Nicole Garcia, em 2002.
No comunicado de anúncio do vencedor do Prémio Princesa das Astúrias das Letras, o júri, que reuniu por videoconferência, refere que “Emmanuel Carrère construiu uma obra pessoalíssima, geradora de um novo espaço de expressão que apaga as fronteiras entre a realidade e a ficção”, destacando que “os seus livros contribuem para o desmascarar da condição humana e dissecam a realidade de uma maneira implacável”. O autor, prossegue o comunicado, “traça um retrato incisivo da sociedade actual e exerceu uma influência notável na literatura do nosso tempo, para além de mostrar um forte compromisso com a escrita como vocação inseparável da própria vida”.
Os Prémios Princesa das Astúrias foram criados pela monarquia espanhola em 1981 para distinguir personalidades ou instituições que tenham construído obra ou carreira de relevo nas ciências, nas artes e no desporto. São atribuídos anualmente em Oviedo, capital das Astúrias. Este ano, para além de Emmanuel Carrère, já foram distinguidos Marina Abramovic (Artes), Gloria Steinem (Comunicação e Humanidades), Amartya Sen (Ciências Sociais) e Teresa Perales (Desporto). Até ao final de Junho serão revelados os distinguidos nas restantes categorias: Cooperação Internacional, Investigação Científica e Técnica e Concórdia.