Estudo conclui que “berçários” de estrelas são pouco eficientes e duram pouco tempo
Equipa intenacional de cientistas varreu quase 100 galáxias à procura dos lugares onde nascem as estrelas e concluiu que afinal não têm todos a mesma aparência. Tal como as cidades ou árvores, podem variar de formas em diferentes sítios da Terra.
Um estudo conduzido por uma equipa internacional de astrónomos conclui que os berçários de estelares, nuvens de gás e poeira onde nascem estrelas, são diferentes consoante as galáxias que os albergam, duram relativamente pouco tempo e não são muito eficientes. O estudo, divulgado esta terça-feira num comunicado da Universidade Estadual de Ohio, nos EUA, mapeou mais de 100 mil destas “fábricas" de estrelas em quase 100 galáxias.
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Um estudo conduzido por uma equipa internacional de astrónomos conclui que os berçários de estelares, nuvens de gás e poeira onde nascem estrelas, são diferentes consoante as galáxias que os albergam, duram relativamente pouco tempo e não são muito eficientes. O estudo, divulgado esta terça-feira num comunicado da Universidade Estadual de Ohio, nos EUA, mapeou mais de 100 mil destas “fábricas" de estrelas em quase 100 galáxias.
O trabalho, publicado na revista Astrophysical Journal, baseou-se em observações feitas durante mais de cinco anos com o radiotelescópio ALMA, instalado no Chile. “Cada estrela no céu, incluindo o Sol, nasceu num destes berçários estelares”, explica, citado no comunicado, um dos coordenadores do trabalho de investigação, Adam Leroy, professor de astronomia na Universidade Estadual de Ohio.
O que se sabe é que, nestas regiões, o pó e gás estão a densidades tão elevadas que se contraem sobre si mesmo, atingindo pressões suficientemente altas para iniciarem o processo nuclear que faz as estrelas brilhar. A equipa aponta, ao contrário do que se pensava, que os berçários estelares não são todos iguais, duram um tempo relativamente curto em termos astronómicos e não são muito eficientes a “fabricar” estrelas.
Por exemplo, os berçários estelares tendem a ser mais densos e mais turbulentos nas galáxias maiores ou no centro das galáxias e, neles, a formação de estrelas é muito mais violenta. Os autores do estudo sugerem que as propriedades destes berçários, e mesmo a sua capacidade de gerar estrelas, dependem das galáxias onde estão localizados.
De acordo com os resultados do trabalho, as nuvens de gás e poeira que formam estrelas duram dez a 30 milhões de anos, período relativamente curto em astronomia. Por outro lado, tanto a radiação como o calor das estrelas jovens dispersam e dissolvem as nuvens, possivelmente destruindo-as antes de estas converterem grande parte da sua massa.
A investigação é um passo importante para o conhecimento sobre estes lugares escuros e violentos onde nascem as estrelas. Nos últimos cinco anos, a equipa internacional de investigadores realizou o primeiro levantamento sistemático de berçários estelares, mapeando os mais de 100 mil berçários em mais de 90 galáxias próximas e fornecendo novos conhecimentos sobre as origens das estrelas.
“Estes berçários são responsáveis pela construção de galáxias e pelo fabrico de planetas, e são apenas uma parte essencial na história de como aqui chegámos. Mas esta é realmente a primeira vez que temos uma visão completa destes berçários de estrelas em todo o universo vizinho”, resume Adam Leroy.
Com o radiotelescópio ALMA, num projecto chamado PHANGS-ALMA, a equipa conseguiu assim vigiar um conjunto diversificado de mais de 90 galáxias, enquanto os estudos anteriores se tinham concentrado principalmente apenas numa galáxia individual ou numa parte de uma galáxia.
“Quando os telescópios ópticos tiram fotografias, captam a luz das estrelas. Quando a ALMA tira uma fotografia, vê o brilho do gás e da poeira que irá formar as estrelas”, explica Jiayi Sun, um estudante de doutoramento que participou no projecto. Citado no comunicado, o investigador acrescenta que “a novidade com PHANGS-ALMA é que se pode usar o ALMA para tirar fotografias de muitas galáxias, e estas fotografias são tão nítidas e detalhadas como as tiradas por telescópios ópticos. Isto nunca tinha sido possível antes”.
Jiayi Sun nota que durante muito tempo os astrónomos consideravam que todos os berçários estelares tinham mais ou menos a mesma aparência. “Com esta sondagem podemos ver que esse não é realmente o caso. Embora existam algumas semelhanças, a natureza e a aparência destes berçários mudam dentro e entre galáxias, tal como as cidades ou as árvores podem variar de formas importantes à medida que se vai de um lugar para o outro em todo o mundo.”