Neste podcast, o microfone pertence a quem pode falar sobre doença mental
No início de um mês de sensibilização sobre saúde mental, a ARIA lança um podcast para que possamos ouvir quem vive com um diagnóstico de doença mental ou quem a conhece de perto. O primeiro episódio é lançado a 8 de Junho.
No Fala Quem Pod, ouvimos 15 vozes, pessoas com diferentes idades, nacionalidades, níveis de escolaridade e orientações sexuais, que querem e podem falar sobre saúde e doença mental. No primeiro episódio do podcast, lançado a 8 de Junho, o microfone fica nas mãos de quem vive com um diagnóstico de doença mental.
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No Fala Quem Pod, ouvimos 15 vozes, pessoas com diferentes idades, nacionalidades, níveis de escolaridade e orientações sexuais, que querem e podem falar sobre saúde e doença mental. No primeiro episódio do podcast, lançado a 8 de Junho, o microfone fica nas mãos de quem vive com um diagnóstico de doença mental.
“Sou atleta olímpico de judo, sou negro, gay e doente mental, e apresento-me desta forma porque a minha intenção é gastar os estereótipos até que não faça mais sentido falar dos mesmos. O meu diagnóstico é de esquizofrenia paranóide”, ouvimos no primeiro episódio do podcast. Célio Dias, de 28 anos, é um dos testemunhos na primeira pessoa que pode ser escutado no Fala Quem Pod, para ajudar a combater o estigma associado à doença mental.
O podcast é uma das iniciativas do Fórum Sócio-Ocupacional de Oeiras da ARIA (Associação de Reabilitação e Integração Ajuda) para a quinta edição do mês de saúde mental, celebrada em Junho na União das Freguesias de Oeiras e São Julião da Barra, Paço de Arcos e Caxias, em Lisboa. O programa inclui uma sessão de yoga, dança, entre outras iniciativas online, gratuitas e abertas à comunidade.
“Não acreditamos em dar voz às pessoas porque todas têm vozes, mas nem todas têm uma plataforma onde ser ouvidas. Muitas destas pessoas nunca tinham falado sobre isto”, explica Ana Filipa Lopes, terapeuta ocupacional no Fórum Sócio-Ocupacional de Oeiras, e responsável pelo podcast. “Queremos ter perfis muito diferentes, de contextos diferentes, a serem ouvidos.”
Para Inês Peixoto, que também participa no primeiro episódio, esta foi a primeira vez a falar em público sobre saúde e doença mental. “Já senti e, por vezes, ainda sinto, vergonha de falar sobre isto, e é algo que devo contrariar, porque é normal, porque muita gente sofre de problemas de saúde mental.” A fotógrafa de 24 anos quer ver normalizadas as conversas sobre o assunto nas escolas, na família, no local de trabalho.
“Ainda há um grande estigma associado à doença mental”, sublinha. Na perspectiva de Ana Filipa Lopes, cada vez mais se fala sobre saúde mental em Portugal, mas ainda há um longo caminho a percorrer. “Existe estigma por parte da própria pessoa [com este diagnóstico], que tem mais dificuldade em expor-se. Mas quanto maior a visibilidade dada à doença mental, mais à vontade as pessoas se sentem para falar. Deixam de ser invisíveis.”
Os quatro episódios serão lançados à terça-feira, durante o mês de Junho, e podem ser ouvidos nas plataformas de podcasts, como o Spotify. O segundo será dedicado a familiares de pessoas com problemas de saúde mental e, o terceiro, a profissionais de saúde. No último episódio, as 15 vozes partilharão as suas visões para o futuro da saúde mental.