Junta Militar da Birmânia defende o seu plano para restaurar a democracia

A ONU alertou para a agravamento da crise no país, que já fez pelo menos 849 mortos, 4500 detidos e está a forçar milhares de birmaneses a deslocar-se.

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Líder da Junta Militar, Min Aung Hlaing (à direita), numa reunião com o ministro dos Negócios Estrangeiros do Brunei, Erywan Yusof (à esquerda), na capital da Birmânia MINISTRY OF INFORMATION HANDOUT/LUSA

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Junta Militar que derrubou o Governo eleito da Birmânia afirmou estar a fazer progressos no plano proposto pela Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, na sigla inglesa) para restaurar a democracia no país, avançaram os media estatais esta terça-feira. O anúncio surgiu depois de a ASEAN ter pressionado na reunião de segunda-feira os militares a porem fim à violência no país.

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O ministro dos Negócios Estrangeiros da Junta Militar que derrubou o Governo eleito da Birmânia afirmou estar a fazer progressos no plano proposto pela Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, na sigla inglesa) para restaurar a democracia no país, avançaram os media estatais esta terça-feira. O anúncio surgiu depois de a ASEAN ter pressionado na reunião de segunda-feira os militares a porem fim à violência no país.

No encontro de segunda-feira entre os representantes da ASEAN e um representante do Governo chinês, foi expresso o sentimento de desilusão perante o progresso “muito lento” da Birmânia em relação à proposta apresentada pelo grupo para pôr fim à violência que assola o país desde o golpe de 1 de Fevereiro.

Por sua vez, Wunna Maung Lwin, ministro dos Negócios Estrangeiros nomeado pelos militares, informou que o Exército birmanês tem feito progressos no plano de cinco pontos, referiram os media estatais. “A única forma de garantir que o sistema democrático é disciplinado e genuíno é através do futuro plano de cinco etapas”, disse Lwin, citado pelo Global New Light of Myanmar.

Numa única referência à proposta da ASEAN, o ministro Lwin referiu que as “discussões foram feitas de forma cordial” durante a visita de dois enviados da ASEAN durante a última semana. E segundo o diário chinês Global Times, Min Aung Lai, líder da junta, disse ao embaixador chinês que a Junta está disposta a colaborar com a ASEAN na implementação do consenso.

O plano foi discutido nas conversações de Abril entre os líderes representantes da ASEAN: Brunei, Camboja, Indonésia, Laos, Malásia, Singapura, Tailândia e Vietname. Os cinco pontos propostos contemplam o fim da violência; um diálogo construtivo entre os militares e os líderes civis; a nomeação de um enviado especial da ASEAN para facilitar as negociações; uma proposta de visita do enviado e da sua delegação à Birmânia num futuro próximo; e a entrada de ajuda humanitária no país.

Lwin afirmou que a maioria das etapas já tinha sido cumprida, incluindo a implementação de medidas para a prevenção de contágios por SARS-CoV-2 e a constituição de uma nova comissão eleitoral para analisar a alegada fraude nas eleições de Novembro, ganhas pelo partido de Aung San Suu Kyi, continuaram os media.

Crise de segurança e humanitária

A 1 de Fevereiro os membros do Governo de Suu Kyi foram destituídos pelas Forças Armadas. Desde então protestos diários têm saído às ruas, acompanhados por uma forte repressão militar que já deteve mais de 4500 pessoas e matou pelo menos 849 manifestantes, segundo um grupo pelos direitos humanos. Ao mesmo tempo, tem aumentado a resistência por parte de grupos armados.

Na terça-feira, as Nações Unidas alertaram para o agravamento da situação de segurança e humanitária na Birmânia devido à crescente violência. De acordo com um comunicado, cerca de 100 mil birmaneses foram forçados a deslocar-se internamente no estado de Kayah, devido a “ataques indiscriminados das forças de segurança contra áreas habitacionais”.

“Esta crise pode forçar as pessoas a sair para além das fronteiras internacionais para procurar abrigo, como já se verifica noutras partes do país”, lê-se na nota.

Os deslocados têm a necessidade urgente de acesso a bens essenciais, como água, bens alimentares, abrigo e cuidados de saúde. Mas a ajuda humanitária tem tido dificuldade em aceder aos locais, devido à crescente “insegurança, restrições impostas pelas forças de segurança e más condições das estradas”.