Trancas aos bairros e caça aos fogareiros: será assim o Santo António em Lisboa

Situação epidemiológica de Lisboa mantém-se “difícil” e leva autoridades a apertar o cerco aos festejos populares.

Foto
Ainda não é desta que as festas decorrem com a normalidade de outros anos NUNO FERREIRA SANTOS

Pelo segundo ano consecutivo, Lisboa encara os seus dias mais festivos com trancas à porta. O Santo António de 2021 é para ser celebrado dentro de casa ou, quando muito, até à hora de fecho dos restaurantes. Beber álcool na rua está proibido, vaguear nos bairros típicos é fortemente desaconselhado, fogareiros para assar sardinhas ou bifanas nem pensar.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Pelo segundo ano consecutivo, Lisboa encara os seus dias mais festivos com trancas à porta. O Santo António de 2021 é para ser celebrado dentro de casa ou, quando muito, até à hora de fecho dos restaurantes. Beber álcool na rua está proibido, vaguear nos bairros típicos é fortemente desaconselhado, fogareiros para assar sardinhas ou bifanas nem pensar.

Foi esta a mensagem que a Polícia de Segurança Pública (PSP) e a Polícia Municipal (PM) quiseram transmitir nesta terça-feira à tarde, numa conferência de imprensa onde foram anunciadas “fortes restrições” à circulação durante os próximos dias, em particular na noite de sábado para domingo.

“Sempre que verificarmos que existe uma maior afluência a esses bairros – Madragoa, Alfama, Bairro Alto –, vamos impedir o acesso, vamos condicionar o acesso”, avisou o superintendente Domingos Antunes, da PSP, prometendo a colocação de “grades e fitas” em vários locais da cidade, sobretudo no “eixo absolutamente prioritário” do Bairro Alto, Cais do Sodré e Av. 24 de Julho.

A operação policial inicia-se nesta quarta-feira com operações stop e agentes na rua para controlar ajuntamentos e prevenir o consumo de álcool na rua. “Seremos intransigentes”, garantiu o superintendente. Na noite de sábado para domingo, as medidas serão apertadas para garantir que não se verificam as multidões habituais de Santo António. “As pessoas não devem deslocar-se para o coração da cidade. Haverá fortes restrições a partir das 19h até às 2h ou 3h”, informou Domingos Antunes. 

A Câmara de Lisboa anunciou na semana passada que não ia permitir a montagem de arraiais e retiros devido à situação da covid-19 na cidade. Ela mantém-se “difícil”, admitiu António Silva, delegado regional de saúde de Lisboa e Vale do Tejo, sem contudo indicar dados mais concretos. “Depois do desconfinamento, a 14 de Março, a incidência de novos casos por 100 mil habitantes diminuiu, e muito até, até 30 de Abril. A situação tem vindo a piorar”, disse.

“Neste momento todos os cuidados são poucos”, alertou, indicando que na região se registam internamentos de pessoas entre os 20 e os 59 anos, o que significa que “neste momento a situação é difusa”, com uma grande distribuição etária e geográfica de casos. “No que respeita às mortes, temos vindo a manter uma situação agradável”, comentou António Silva.

exactamente duas semanas, a Direcção-Geral da Saúde informou que em Lisboa havia 143 casos por 100 mil habitantes a 14 dias e que, a manter-se aquele ritmo de crescimento da pandemia, a cidade chegaria a uma incidência de 240 casos por 100 mil habitantes em meados de Junho. O Governo anunciou, por isso, um reforço da testagem na cidade. Nesta terça-feira, quando questionado pelos jornalistas, António Silva não deu dados específicos sobre essa operação.

Além da presença da PSP nas ruas, que Domingos Antunes garantiu que será visível, também os agentes da Polícia Municipal estão desde o dia 3 numa “operação de sensibilização e fiscalização que se estenderá até dia 14”, informou o comandante daquela força, Paulo Brissos dos Santos. Isto inclui passagens por cafés e restaurantes para garantir o cumprimento de horários e a dispersão de ajuntamentos, mas também “a fiscalização de eventuais situações de fogareiros na via pública, que não são permitidos”.

“É um acto de elementar cidadania as pessoas não ficarem na via pública” depois de os restaurantes fecharem, afirmou Brissos dos Santos.