Mercado internacional para séries portuguesas regressa ao calendário: ONSeries no CCB em Novembro
Apesar da pandemia, “sector dos conteúdos está a viver um dos seus melhores momentos em Portugal”. Evento quer reunir produtores, compradores e agentes de vendas estrangeiros em Lisboa.
Um ano e meio depois do previsto e com uma pandemia de permeio, o primeiro mercado internacional para as séries portuguesas já está reagendado: a 25 e 26 de Novembro, no Centro Cultural de Belém, vão reunir-se compradores, produtores e imprensa internacional para ver e comercializar ficção audiovisual portuguesa. O ONSeries Lisboa é dirigido por Géraldine Gonard, que em 2020 dizia ao PÚBLICO que o objectivo do evento é “propiciar um movimento global de conteúdo português”. Agora, a organização acredita que “o ONSeries Lisboa será um ponto de viragem para o sector audiovisual em Portugal”.
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Um ano e meio depois do previsto e com uma pandemia de permeio, o primeiro mercado internacional para as séries portuguesas já está reagendado: a 25 e 26 de Novembro, no Centro Cultural de Belém, vão reunir-se compradores, produtores e imprensa internacional para ver e comercializar ficção audiovisual portuguesa. O ONSeries Lisboa é dirigido por Géraldine Gonard, que em 2020 dizia ao PÚBLICO que o objectivo do evento é “propiciar um movimento global de conteúdo português”. Agora, a organização acredita que “o ONSeries Lisboa será um ponto de viragem para o sector audiovisual em Portugal”.
Ainda não há detalhes sobre o programa, nomeadamente os desejados nomes de empresas presentes para avaliar e potencialmente adquirir direitos de transmissão de séries portuguesas — bem como de entrar a bordo das suas produções, fomentando as parcerias e co-produções que os produtores e programadores portugueses consideram tão importantes para o progresso do mercado nacional. Quando preparava a edição inaugural, que deveria ter tido lugar em Abril de 2020, Gonard explicava ao PÚBLICO que a ideia é trazer “plataformas e cadeias internacionais, produtoras, distribuidoras e talento” a Lisboa.
Agora, em comunicado enviado esta terça-feira à imprensa, o ONSeries define-se como um evento “que permitirá um elevado nível de formação, promoção e networking para a indústria local e será uma montra para as séries televisivas produzidas em Portugal”. Promete a “participação de compradores e agentes de vendas internacionais, bem como de investidores, plataformas de conteúdo global e produtores internacionais à procura de projectos” além de promover um fórum “para impulsionar as co-produções viáveis, com sessões de pitching para novos projectos”.
A sair do modelo de telenovela
A ideia do ONSeries surge após de anos de trabalho de Géraldine Gonard no sector (trabalhou no grupo Mediapro, fundou a feira Conecta Fiction em Espanha) mas também de ter identificado em Portugal “uma mudança narrativa, de talento, que está a escrever séries mais curtas, que está a sair do modelo das telenovelas”. Espectadora de séries como Sul, Três Mulheres ou Auga Seca, todas da RTP e com diferentes perfis (série autoral, ficção de época, co-produção), Gonard acreditava no seu potencial de exportação — meses depois, em plena pandemia e com o primeiro ONSeries ainda a aguardar reagendamento, nascia o primeiro serviço de streaming de um generalista por assinatura, a Opto da SIC, que trouxe ao mercado novas séries de ficção.
Agora, na mesma nota enviada às redacções, Gonard reflecte como “a indústria portuguesa, tal como o resto do mundo, teve de parar e combater a pandemia da covid-19” mas considera que apesar de tudo “o sector dos conteúdos está a viver um dos seus melhores momentos em Portugal”. “Acreditamos que a realização de um evento internacional, em casa, dará à indústria portuguesa uma oportunidade excepcional para mostrar o seu enorme potencial aos actores internacionais”, diz Gonard, que elenca depois os instrumentos locais que considera favoráveis à internacionalização — Portugal “tem um dos sistemas de incentivos mais competitivos, o Cashrebate, lançado em 2018, e a Portugal Film Commission, criada em 2019, ambos financiados pelo Fundo de Apoio ao Turismo e Cinema”.
Citado no comunicado, Nuno Artur Silva, o secretário de Estado do Cinema e Audiovisual e Media acrescenta ao foco do ONSeries as séries documentais e promete que na altura “Portugal terá um novo quadro regulamentar geral para a promoção da indústria cinematográfica e audiovisual, com incentivos para estimular a criatividade portuguesa e as co-produções internacionais” — é uma referência à chamada “directiva Netflix”, que transpõe do direito comunitário as obrigações de investimento dos novos operadores, como as plataformas de streaming, no país. A legislação está em fase de regulamentação.
Além do Ministério da Cultura, o ONSeries conta com apoios de entidades como a Câmara Municipal de Lisboa, a Associação dos Produtores Independentes de Televisão de Portugal (APIT), a Associação para a Gestão Colectiva de Direitos de Autor e Produtores Cinematográficos e Audiovisuais (Gedipe), do Instituto do Cinema e Audiovisual ou da RTP.