As cadeiras do Alcazar e um sabonete indócil

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Serge BENHAMOU/Gamma-Rapho via Getty Images

Na semana passada, uma bela notícia: está para breve, questão de semanas, a publicação (na editora francesa Capricci) da autobiografia de Luc Moullet, Mémoires d’un Savonnette Indocile. A notícia entusiasmou-me ao ponto de estar a escrever sobre ela: Moullet (n. 1937), um dos últimos sobreviventes da geração dos Cahiers de capa amarela (para onde começou a escrever quase adolescente, com 18 ou 19 anos), a quem devemos, entre tanta coisa, a reabilitação de Samuel Fuller (para escândalo intelectual parisiense tão grande que Bazin teve que escrever um editorial dos Cahiers a defender a sua jovem guarda de críticos) ou a ideia de que “a moral é uma questão de travellings” (depois remodelada por JLG), é um génio desconhecido em Portugal, no que escreve e no que filma. E se já teve retrospectivas na Cinemateca e em Vila do Conde, e até com catálogo, nenhum dos seus livros foi traduzido e editado, e salvo erro só um filme seu teve estreia comercial no nosso país, Os Náufragos da D17, há quase vinte anos (entrevistei-o por telefone nessa altura, ele estava em casa a fazer o jantar, duas ou três vezes interrompeu a conversa com “desculpe, tenho que ir espreitar a sopa”). Mas também me entuasiasmou ao ponto de voltar a mergulhar no Moullet cineasta, exercício muito menos elitista do que parece (basta ter Youtube e digitar as palavras certas na caixa de pesquisa).

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Na semana passada, uma bela notícia: está para breve, questão de semanas, a publicação (na editora francesa Capricci) da autobiografia de Luc Moullet, Mémoires d’un Savonnette Indocile. A notícia entusiasmou-me ao ponto de estar a escrever sobre ela: Moullet (n. 1937), um dos últimos sobreviventes da geração dos Cahiers de capa amarela (para onde começou a escrever quase adolescente, com 18 ou 19 anos), a quem devemos, entre tanta coisa, a reabilitação de Samuel Fuller (para escândalo intelectual parisiense tão grande que Bazin teve que escrever um editorial dos Cahiers a defender a sua jovem guarda de críticos) ou a ideia de que “a moral é uma questão de travellings” (depois remodelada por JLG), é um génio desconhecido em Portugal, no que escreve e no que filma. E se já teve retrospectivas na Cinemateca e em Vila do Conde, e até com catálogo, nenhum dos seus livros foi traduzido e editado, e salvo erro só um filme seu teve estreia comercial no nosso país, Os Náufragos da D17, há quase vinte anos (entrevistei-o por telefone nessa altura, ele estava em casa a fazer o jantar, duas ou três vezes interrompeu a conversa com “desculpe, tenho que ir espreitar a sopa”). Mas também me entuasiasmou ao ponto de voltar a mergulhar no Moullet cineasta, exercício muito menos elitista do que parece (basta ter Youtube e digitar as palavras certas na caixa de pesquisa).