Pathé’O, o designer que vestiu Nelson Mandela, faz 50 anos de carreira
Deixou a sua aldeia no Burkina Faso e partiu para a Costa do Marfim, onde se iniciou no mundo da moda como aprendiz de alfaiate, com apenas 19 anos. Hoje é um dos principais designers de África, tendo vestido pessoas como Paul Kagame, Alpha Condé, Mohamed VI e Aliko Dangote.
Quando Pathé Ouédraogo deixou a sua aldeia no Burkina Faso, em 1969, com apenas 19 anos, em busca de uma vida melhor na vizinha Costa do Marfim, o seu sonho era regressar com uma bicicleta e um rádio transistor para provar que tinha alcançado sucesso.
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Quando Pathé Ouédraogo deixou a sua aldeia no Burkina Faso, em 1969, com apenas 19 anos, em busca de uma vida melhor na vizinha Costa do Marfim, o seu sonho era regressar com uma bicicleta e um rádio transistor para provar que tinha alcançado sucesso.
Pelo facto de ser demasiado magro para trabalhar numa fazenda de cacau, aproveitou a oportunidade para aprender a fazer roupas — uma decisão que o impulsionou para o estrelato. “O trabalho mais acessível na altura era ser aprendiz de alfaiate”, conta, cargo com o qual iniciou o seu percurso, acabando por se tornar um dos principais designers de África.
Agora, o homem mais conhecido por Pathé’O, nascido Ainé Pathé Ouédraogo, celebra uma carreira de 50 anos no mundo da moda, ao longo da qual as suas camisas e vestidos casuais em vibrantes estampas e tecidos africanos agraciaram os ombros de celebridades e personalidades políticas, incluindo Nelson Mandela, o Prémio Nobel da Paz que foi Presidente da África do Sul entre 1994 e 1999, depois de ter passado 27 anos no cárcere, acusado de traição.
A grande oportunidade de Pathé’O surgiu, em 1994, quando a cantora sul-africana Miriam Makeba lhe comprou quatro camisas para oferecer ao recém-eleito chefe de Estado. Mandela usou uma delas e mencionou o nome de Pathé’O quando questionado sobre as origens da mesma durante uma viagem a Paris. A publicidade que daí adveio provocou uma onda de encomendas e vendas que esvaziou a loja do designer africano e o impulsionou para a vanguarda da moda.
O artista chegou até a conhecer Mandela em 1998. “Foi um encontro que mudou a minha vida”, recorda. “Na aldeia ouvíamos falar de Mandela e do apartheid e de tudo o resto, mas nunca pensei vir a ser um alfaiate, muito menos que o vestisse.”
Pathé’O, de 71 anos, marcou as suas cinco décadas de carreira com um espectáculo reluzente e o lançamento de uma nova boutique num bairro de luxo em Abidjan, cujas paredes estão adornadas com imagens suas ao lado de pessoas famosas, incluindo o multimilionário nigeriano Aliko Dangote e o rei marroquino Mohamed VI, e presidentes como Paul Kagame do Ruanda e Alpha Condé da Guiné, que vestem as suas camisas.
Segundo o designer, a sua missão agora é fazer mais para promover a moda africana. “Os próprios africanos continuam a ser avessos ao uso do que é feito em África. Esse é o verdadeiro problema... Esta é a verdadeira luta de hoje”, sublinha.