Portugal está fora da lista “verde” do Reino Unido. “Lógica não se alcança”, reage MNE
Decisão inclui Açores e Madeira e foi oficializada pelo governo britânico esta quinta-feira, entrando em vigor na terça-feira. A passagem de Portugal para a lista “âmbar” do Reino Unido faz com que seja exigida quarentena à chegada. A decisão foi justificada com o aumento de casos em Portugal e com o aparecimento de uma “mutação do Nepal”, desconhecida pela OMS.
Começou por surgir como possibilidade durante a manhã, mas está confirmado: o Reino Unido vai retirar Portugal oficialmente da lista “verde” de destinos para viajar a partir da próxima terça-feira. A informação foi avançada esta quinta-feira por vários meios de comunicação britânicos e confirmada posteriormente pelo ministro dos Transportes britânico, Grant Shapps. A medida inclui os arquipélagos da Madeira e dos Açores.
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Começou por surgir como possibilidade durante a manhã, mas está confirmado: o Reino Unido vai retirar Portugal oficialmente da lista “verde” de destinos para viajar a partir da próxima terça-feira. A informação foi avançada esta quinta-feira por vários meios de comunicação britânicos e confirmada posteriormente pelo ministro dos Transportes britânico, Grant Shapps. A medida inclui os arquipélagos da Madeira e dos Açores.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros já reagiu à decisão do Governo britânico e diz tratar-se de uma “decisão cuja lógica não se alcança”. “Portugal continua a realizar o seu plano de desconfinamento, prudente e gradual, com regras claras para a segurança dos que aqui residem ou nos visitam”, escreve o ministério numa nota publicada no Twitter.
Em declarações à Sky News, o ministro britânico anunciou que Portugal passará a integrar a lista “âmbar”, um nível intermédio em que é exigida quarentena a quem regressa do país em causa. A medida, que já consta da lista oficial publicada no site do Governo britânico, surge a par de uma preocupação do governo britânico com o aparecimento de uma “mutação do Nepal na variante indiana" e com a taxa de positividade de Portugal, que “quase duplicou desde a última revisão”.
Em resposta ao alerta da “mutação do Nepal”, a delegação nepalesa da Organização Mundial da Saúde esclareceu no Twitter que “não tem conhecimento de nenhuma variante nova do SARS-CoV-2 detectada no Nepal”, e que a variante predominante neste país é a Delta (B.1.617.2, também conhecida como “indiana”). Na reunião de peritos do Infarmed de 28 de Maio, João Paulo Gomes disse haver “necessidade de controlo rigoroso de fronteiras com a Índia, o Nepal e o Bangladesh” por causa da variante detectada na Índia. Ainda assim, no ultimo relatório do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) não há qualquer referência a uma variante nepalesa.
O governo britânico não quer arriscar a reabertura a 21 de Junho, e, portanto, não foram adicionados mais destinos à lista verde, sustentou. O site oficial do governo britânico já foi actualizado e a partir das 4h da próxima terça-feira Portugal passa, assim, para a lista “âmbar”. “Se chegar a Inglaterra depois desta data, terá de cumprir as regras da lista âmbar”, lê-se na lista. O mercado de viagens de lazer britânico ficará, assim, praticamente fechado e as companhias aéreas acarretam novamente prejuízo. Em Portugal, a medida será sentida sobretudo no sector do turismo.
Decisão põe em causa “boas perspectivas” para o Verão
A imprensa britânica fala em “milhões de libras” de prejuízo para operadores de viagens e companhias aéreas, um rombo que também terá repercussões para o turismo português. Contactado pelo PÚBLICO, o Presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos turísticos do Algarve, Elidérico Viegas, considera que a retirada de Portugal da lista de destinos considerados seguros pelo Reino Unido “vem afectar o bom ritmo das reservas dos turistas britânicos” e põe em causa “as boas perspectivas que havia para o Verão”.
O Governo britânico tinha avançado que as mudanças à lista “verde” entrariam em vigor uma semana depois do anúncio, mas a medida aplica-se já a partir de terça-feira.
A decisão de retirar Portugal da lista acontece menos de três semanas depois de o Reino Unido ter autorizado viagens não-essenciais para Portugal sem necessidade de isolamento profiláctico no regresso. Com a reabertura para as viagens a 17 de Maio, Portugal assumiu-se como o único grande destino para os viajantes britânicos, reanimando as companhias aéreas e agências de viagens.
Durante o fim-de-semana passado, as ruas do Porto estiveram repletas de adeptos britânicos que vieram até Portugal assistir à final da Liga dos Campeões que opôs o Chelsea, de Londres, ao Manchester City. Ao contrário do que havia sido explicado pela organização, nem todos os adeptos viajaram até ao Porto numa “bolha”, com vários a usufruírem da ausência de quarentena obrigatória para viajarem como turistas dias antes do jogo.
Os sectores que dependem do turismo esperava uma reabertura mais ampla este mês, mas, em vez disso, enfrentarão semanas de cancelamentos e mais incertezas. “Esta decisão essencialmente isola o Reino Unido do resto do mundo”, disse a easyJet em comunicado enviado por email à agência Reuters. A companhia aérea acrescentou que o Reino Unido ficaria para trás quando os governos de toda a Europa começarem a abrir as viagens.
Os britânicos geralmente viajam para o sul da Europa em Julho e Agosto. Dados fornecidos pela consultora analítica Cirium mostraram que a Ryanair e a easyJet tinham programado mais de 500 voos do Reino Unido para Portugal em Junho, tendo todas as companhias aéreas acrescentado voos para o país em Maio.
De acordo com o sistema de semáforo do Reino Unido, viajar para países classificados como “âmbar” ou “vermelho” não é ilegal, mas não é recomendado. Espanha, França, Itália e os Estados Unidos estão também na lista “âmbar”, o que implica cumprir uma quarentena no regresso, restringindo, assim, a demanda dos britânicos para os destinos normalmente mais populares.
Na quarta-feira, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, alertou a indústria de viagens que proteger a distribuição da vacina no país era a prioridade. “Quero que saibam que não hesitaremos em mover os países da lista verde para a lista âmbar e para a lista vermelha, se for necessário. A prioridade é continuar a distribuição da vacina para proteger o povo deste país”, disse aos jornalistas. com José Volta e Pinto e Sónia Trigueirão