Principal candidata da oposição à presidência de Nicarágua pode ficar fora da corrida
Ministério Público acusa Cristiana Chamorro de “lavagem de dinheiro”, “gestão abusiva” e “falsidade ideológica”. Oposição acusa regime de Ortega de perseguição política.
Horas depois de formalizar a sua candidatura à presidência da Nicarágua na sede da Aliança Cívica, Cristiana Chamorro foi notificada pelo Ministério Público por causa de uma acusação de “lavagem de dinheiro, bens e activos”. Se a candidata da oposição com mais apoio popular ficar fora da corrida, Daniel Ortega, o actual Presidente, tem mais margem para conquistar a terceira reeleição consecutiva.
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Horas depois de formalizar a sua candidatura à presidência da Nicarágua na sede da Aliança Cívica, Cristiana Chamorro foi notificada pelo Ministério Público por causa de uma acusação de “lavagem de dinheiro, bens e activos”. Se a candidata da oposição com mais apoio popular ficar fora da corrida, Daniel Ortega, o actual Presidente, tem mais margem para conquistar a terceira reeleição consecutiva.
O Ministério Público abriu uma acusação formal contra a candidata por alegados crimes de “gestão abusiva e falsidade ideológica”, e exige a sua “desqualificação de cargos públicos por não estar em cumprimento com os seus direitos civis e políticos”, já que enfrenta um “processo penal”.
A investigação foi aberta três semanas antes, por alegadas irregularidades financeiras entre 2015 e 2019 na Fundação Violeta Barrios de Chamorro, quando Cristiana Chamorro era presidente da fundação. Pelo menos 20 pessoas estão a ser investigadas – dois antigos funcionários foram detidos na semana passada.
A entidade que dirigiu tomou o nome da antiga Presidente Violeta Barrios de Chamorro – mãe de Cristiana Chamorro –, que derrotou o Presidente Ortega nas eleições de 1990.
Chamorro denunciou que a acusação é “fabricada”. Insiste que Ortega, consecutivamente no poder desde 2007, e Rosario Murrilo, vice-presidente, têm medo de serem derrotados: “É uma vingança contra o legado da minha mãe. Querem impedir que os nicaraguenses votem e que não haja uma transferência para a democracia”, citou o El País.
A acusação de Chamorro foi conhecida horas depois de inscrever a sua candidatura no processo interno da Aliança Cívica para escolher um único candidato da oposição. De acordo com as sondagens da Cid Gallup, é a figura da oposição com mais apoio popular. Refere o diário espanhol que a oposição apenas conta com esta opção eleitoral para fazer frente a Ortega em Novembro, numas eleições sem credibilidade ou competição.
O anúncio foi criticado pela oposição, denunciando a perseguição política e uma tentativa do regime sandinista de retirar de cena a principal opositora. Segundo antigo procurador Cesar Guevara, o Ministério Público não pode desqualificar Chamorro, uma vez que ainda não foi considerada culpada, diz a Reuters.
Esta não é a primeira vez que o regime procura restringir os planos da oposição. Em Dezembro do ano passado foi proposta a proibição de candidaturas de “golpistas" nas presidenciais de Novembro, encarada como um entrave à participação de figuras opositoras.