1. Há coisas com as quais não nos podemos conformar. Esta tentação e tentativa de fazer regressar o país aos dilemas políticos da segunda metade dos anos setenta é insustentável. Quem olhe para a semana política que passou, por entre a conferência do MEL, a recandidatura de António Costa e o congresso do Chega, vê-se, de repente, devolvido ao período pós-PREC. Tudo o que interessou a políticos e comentadores foi saber quem é de direita, de esquerda, de centro. Tudo o que parece contar é afinal a determinação, com preciosismo geográfico, de quantos decímetros ou decâmetros distam os partidos na linha de rotulagem esquerda-direita. Ora, insisto: há coisas com as quais não nos podemos conformar. E importa dizer que a política portuguesa não é isto, nem pode ser isto. Não pode ser um eterno retorno à velha disjunção direita-esquerda. Soares, Sá Carneiro, Cunhal e Freitas foram muito importantes, são importantes, mas são passado. Já para não falar de Acácio Barreiros, Arnaldo de Matos, Sanches Osório ou Kaúlza de Arriaga. São passado. Repito, sem medo das palavras e com amor à história: são passado.
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1. Há coisas com as quais não nos podemos conformar. Esta tentação e tentativa de fazer regressar o país aos dilemas políticos da segunda metade dos anos setenta é insustentável. Quem olhe para a semana política que passou, por entre a conferência do MEL, a recandidatura de António Costa e o congresso do Chega, vê-se, de repente, devolvido ao período pós-PREC. Tudo o que interessou a políticos e comentadores foi saber quem é de direita, de esquerda, de centro. Tudo o que parece contar é afinal a determinação, com preciosismo geográfico, de quantos decímetros ou decâmetros distam os partidos na linha de rotulagem esquerda-direita. Ora, insisto: há coisas com as quais não nos podemos conformar. E importa dizer que a política portuguesa não é isto, nem pode ser isto. Não pode ser um eterno retorno à velha disjunção direita-esquerda. Soares, Sá Carneiro, Cunhal e Freitas foram muito importantes, são importantes, mas são passado. Já para não falar de Acácio Barreiros, Arnaldo de Matos, Sanches Osório ou Kaúlza de Arriaga. São passado. Repito, sem medo das palavras e com amor à história: são passado.