Marcelo considera que nenhum país europeu irá seguir o caminho do “Brexit”

Durante uma aula num liceu da cidade de Kranj, a cerca de 30 quilómetros da capital eslovena, Marcelo disse que, na Europa, “a união significa força, e isso faz a diferença”.

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Marcelo deu uma aula e foi questionado pelos jovens sobre a UE LUSA/ESTELA SILVA

O Presidente da República considerou nesta terça-feira que nenhum país europeu quererá sair da União Europeia depois do “Brexit”, referindo que “a união significa força” e que, apesar das diferenças, os parceiros europeus costumam concordar no “último minuto”.

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O Presidente da República considerou nesta terça-feira que nenhum país europeu quererá sair da União Europeia depois do “Brexit”, referindo que “a união significa força” e que, apesar das diferenças, os parceiros europeus costumam concordar no “último minuto”.

“Penso que qualquer país que observe (...) o que aconteceu no Reino Unido irá dizer: ‘É melhor não experimentar. Não, vamos manter-nos dentro’. A UE é muito diversa, somos diferentes, mas jogamos juntos, discutimos, debatemos e, no último minuto, concordamos. Porque sabemos que a união significa força, e isso faz a diferença”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.

O Presidente da República falava num liceu local da cidade de Kranj, a cerca de 30 quilómetros da capital eslovena, onde deu uma aula com o seu homólogo esloveno, Borut Pahor, sobre o tema Como vêem e como querem as crianças e os jovens o futuro da Europa, em termos de valores e de prioridades práticas.

Interrogado por um aluno se antevê mais alguma saída de um Estado-membro da União Europeia, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu que “não acredita”, mesmo “analiticamente”, que outro “cenário problemático” possa surgir, afirmando que “não há nada como ver o que aconteceu”.

Explicando assim aos estudantes eslovenos a “relação especial” que liga Portugal ao Reino Unido, Marcelo Rebelo de Sousa disse que muitos dos seus amigos britânicos consideram que a saída da União Europeia, tal “como acontece muitas vezes em referendos”, surgiu devido a uma “coligação negativa”.

O Presidente da República relembrou ainda que, nos dias a seguir ao referendo, foi convidado pela ex-primeira-ministra britânica, Theresa May, para ir a Downing Street, a sede do Governo britânico, em Londres, onde se apercebeu que os parceiros britânicos não sabiam “o que fazer a seguir”.

“E lá estava [Theresa May], a tentar explicar que eles não estavam preparados para aquilo, que tinham de pensar naquilo depois, porque tinham de converter uma coligação negativa numa posição positiva, o que é muito difícil”, apontou Marcelo Rebelo de Sousa.

Referindo assim que “ninguém esperava” que o “Brexit” fosse “possível”, o Presidente da República disse aos alunos que os europeus estão habituados a considerar “normal” viver em “democracia, ter liberdade de imprensa e partidos políticos”.

“Para a minha geração — eu vivi numa ditadura isso foi uma mudança radical. As pessoas só notam que algo é importante quando perdem algo: quando perdem a democracia, quando perdem a Europa”, sublinhou Marcelo Rebelo de Sousa.

A seu lado, Borut Pahor “lamentou” que os “colegas britânicos” tivessem decidido sair da UE, frisando que “a UE é muito diferente sem o Reino Unido do que era com o Reino Unido”.

“Eu fui membro do Conselho Europeu durante três anos [Borut Pahor foi primeiro-ministro esloveno entre 2008 e 2012] e pude observar quão importante era o Reino Unido. Havia uma maneira diferente de pensar por causa deles: eu diria que era o liberalismo na melhor maneira possível”, apontou o chefe de Estado.

Reiterando assim que a UE “perdeu muito”, o Presidente esloveno acrescentou que também não acha que, “num futuro próximo”, outro país queira “repetir o drama”.

“O que eu gostaria de ver na Europa é mais paixão entre nós sobre a União Europeia: de uma certa maneira, é o nosso país. Por causa da UE, temos paz e estabilidade. Não sabemos o que aconteceria se a UE fosse destruída por alguém ou alguma coisa. Por isso, temos de preservá-la, temos de fazer o que for necessário para preservá-la”, referiu.

Após a aula no liceu de Kranj, Marcelo Rebelo de Sousa deslocou-se ao centro da cidade, onde inaugurou o Banco da Paz e da Amizade, naquele que foi o último acto simbólico da sua visita à Eslovénia.