Democratas abandonam parlamento do Texas para bloquear aprovação de restrições ao voto
Lei proposta pelos republicanos é uma das mais restritivas nos Estados Unidos, dificultando o acesso ao voto das minorias.
O Partido Democrata do Texas conseguiu bloquear no domingo à noite o que seria a aprovação de uma das mais restritivas leis de voto nos Estados Unidos ao abandonar em bloco a Câmara dos Representantes antes da votação da proposta apresentada pelos republicanos. A decisão cria um obstáculo na prioridade do Partido Republicano em restringir o acesso ao voto em vários estados norte-americanos, depois das acusações infundadas de fraude eleitoral feitas pelo antigo Presidente, Donald Trump.
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O Partido Democrata do Texas conseguiu bloquear no domingo à noite o que seria a aprovação de uma das mais restritivas leis de voto nos Estados Unidos ao abandonar em bloco a Câmara dos Representantes antes da votação da proposta apresentada pelos republicanos. A decisão cria um obstáculo na prioridade do Partido Republicano em restringir o acesso ao voto em vários estados norte-americanos, depois das acusações infundadas de fraude eleitoral feitas pelo antigo Presidente, Donald Trump.
Às 22.35 horas de domingo, Chris Turner, líder da bancada democrata, alertou os colegas para levarem “as chaves e saírem da Câmara discretamente”, referindo-se à chave que bloqueia o mecanismo de voto das secretárias, segundo noticiou o Washington Post.
“Tornou-se óbvio que os republicanos nos iriam excluir do debate para passar a lei da supressão de voto”, disse Turner numa declaração já esta segunda-feira. “Naquele momento, não tivemos escolha se não tomar medidas extraordinárias para proteger os nossos eleitores e o seu direito de voto”.
Briscoe Cain, um dos representantes republicanos que propôs a legislação, lamentou que alguns membros “tenham decidido quebrar o quórum, mas entendo por que o fizeram, todos jurámos aos texanos que faríamos o nosso trabalho”.
Também o governador republicano, Greg Abbott, expressou a sua “profunda desilusão e preocupação” pelo facto de a lei não ter passado e anunciou a convocação de uma sessão especial, ainda sem data marcada. Numa câmara dominada pelo Partido Republicano, é provável que a proposta conhecida por SB7 seja aprovada.
As medidas que constam da versão final da proposta foram revistas após uma negociação à porta fechada e incluem, entre várias alterações, a proibição de votar por “drive-thru" (depositar o voto sem sair do automóvel) e a votação no período da manhã de domingo, o que restringe o voto de muitos eleitores afro-americanos desfavorecidos, que costuma deslocar-se até às mesas de voto em autocarros disponibilizados pelas igrejas a seguir à missa dominical. A proposta SB7 facilitaria também o acesso de observadores partidários, bem como a anulação judicial de eleições em caso de alegações de fraude, mesmo que não confirmadas.
O Partido Republicano justifica a proposta com o pretexto de melhorar a segurança e confiança no sistema eleitoral para evitar fraudes, mas segue a tendência nacional republicana de restringir o voto depois da derrota presidencial de Donald Trump em 2020. Os estados do Iowa, Georgia e Florida adiantaram-se e passaram medidas da reforma eleitoral. Noutros continuam em debate, como o Arizona, Ohio e Michigan.
Os críticos acusam as novas medidas de pretender restringir o acesso das minorias que normalmente votariam nos democratas, além de desencorajar desproporcionadamente os eleitores das minorias étnicas.
O actual Presidente Joe Biden denunciou no sábado o “ataque à democracia” que a medida representa e apelou ao Congresso para aprovar as medidas propostas pelos democratas para expandir o acesso ao voto e reforçar as existentes regras eleitorais.