Medo da compaixão ampliou o impacto nocivo da pandemia na saúde mental
Estudo sobre resiliência psicológica durante a pandemia envolveu uma amostra de 4057 homens e mulheres recrutados nos 21 países participantes. Foi publicado na revista científica Clinical Psychology and Psychotherapy.
O medo da compaixão ampliou o impacto prejudicial da covid-19 na saúde mental, aumentando os níveis de depressão, ansiedade e stress, revela um estudo internacional divulgado nesta segunda-feira pela Universidade de Coimbra (UC).
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O medo da compaixão ampliou o impacto prejudicial da covid-19 na saúde mental, aumentando os níveis de depressão, ansiedade e stress, revela um estudo internacional divulgado nesta segunda-feira pela Universidade de Coimbra (UC).
O trabalho, já publicado na revista científica Clinical Psychology and Psychotherapy, foi realizado no âmbito de um projecto internacional pioneiro sobre resiliência psicológica durante a pandemia, liderado por Marcela Matos, da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra.
Este consórcio, que “explora a compaixão, a conexão social e a resiliência ao trauma durante a pandemia de covid-19, ou seja, os factores que podem aumentar ou atenuar o risco de problemas de saúde mental neste contexto”, conta com a participação de cientistas de 21 países da Europa, Médio Oriente, Américas do Norte, América do Sul, Ásia e Oceânia.
Resistir a ter apoio
O universo da amostra incidiu sobre 4057 indivíduos de ambos os sexos da população geral, recrutados nos 21 países participantes.
De acordo com Marcela Matos, os resultados obtidos demonstram que “o medo da autocompaixão, medo da compaixão em relação aos outros e medo de receber compaixão dos outros estão associados a maiores níveis de depressão, ansiedade e stress, e menor sensação de segurança e ligação aos outros”.
Isto é, clarifica a coordenadora do estudo, citada pela UC, as “pessoas que têm mais medo e resistências em relação a serem sensíveis ao seu próprio sofrimento e ao dos outros, e que estão menos disponíveis para receber suporte e compaixão por parte de outras pessoas, tendem a apresentar mais sintomas depressivos, de ansiedade e de stress, e a sentir-se menos seguras e ligadas às outras pessoas”.
Face aos resultados obtidos, que são transversais aos 21 países que participaram no estudo, a investigadora defende que as autoridades de saúde pública “devem adoptar intervenções e comunicações focadas na promoção da compaixão e da ligação aos outros para reduzir os medos da compaixão e, assim, promover a resiliência e o bem-estar mental durante e após a pandemia covid-19”.
A investigadora recomenda ainda que “intervenções psicológicas de promoção e tratamento da saúde mental focadas na compaixão e baseadas em evidência empírica, em formato individual, grupal ou na comunidade, sejam usadas para reduzir o medo da compaixão e promover a motivação e as competências compassivas”.