Requisição civil do SEF publicada no Diário da República

Foi publicada a resolução do Conselho de Ministros para a requisição civil dos inspectores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) nos aeroportos, face ao ciclo de greves agendado pelo sindicato para o mês de Junho.

Foto
A resolução do Conselho de Ministros para a requisição civil dos inspectores do SEF nos aeroportos, por causa da greve marcada, foi publicada no Diário da República Rui Gaudencio

A resolução do Conselho de Ministros que procede à requisição civil dos inspectores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) nos aeroportos, que adiram à greve marcada para Junho, foi publicada no Diário da República este domingo.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A resolução do Conselho de Ministros que procede à requisição civil dos inspectores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) nos aeroportos, que adiram à greve marcada para Junho, foi publicada no Diário da República este domingo.

A resolução, que “produz efeitos imediatos”, reconhece “a necessidade de se proceder à requisição civil dos trabalhadores da carreira de investigação e fiscalização do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras que exercem funções nos postos de fronteira, aderentes à greve declarada pelo Sindicato dos Inspectores de Investigação, Fiscalização e Fronteiras nos dias e horários referidos nos respectivos avisos prévios de greve”.

Assim, autoriza “o ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, o ministro da Administração Interna e o ministro das Infra-estruturas e da Habitação a efectivar, sob a forma de portaria, a requisição civil dos trabalhadores [...], faseadamente ou de uma só vez, consoante as necessidades o exijam”.

O Sindicato dos Inspectores de Investigação, Fiscalização e Fronteira do SEF marcou um ciclo de greves para Junho, com início na próxima semana contra a intenção do Governo “de extinguir o SEF”.

No documento recorda-se que “no contexto actual, acresce às tarefas habituais dos trabalhadores que exercem funções nos postos de fronteira, a verificação dos certificados de realização de teste RT-PCR de despistagem da covid-19, bem como a verificação da origem dos passageiros com vista a aferir da necessidade de realização de isolamento profiláctico por um período de 14 dias e, em caso afirmativo, proceder à necessária notificação de tal obrigação”.

Considera o Governo que “a salvaguarda da Segurança Nacional, a necessária preservação da segurança interna e o adequado controlo da situação pandémica, obriga a um exigente funcionamento dos postos de fronteira”. “Nestes termos, tais funções têm natureza essencial e destinam-se à satisfação de necessidades sociais impreteríveis”, justifica.

Para o Governo, se a greve dos trabalhadores do SEF nos aeroportos acontecesse “faria perigar o controlo da pandemia, bem como constituiria um efeito dissuasor da vinda de turistas estrangeiros, pondo em causa a possibilidade de recuperação económica por via do turismo, impedindo a esperada retoma deste sector”.

Embora tenham sido “acordados serviços mínimos”, o Governo defende que “estes revelam-se supervenientemente como não estando dimensionados para dar resposta adequada à situação excepcional” referida, “nem permitirem assegurar o regular funcionamento de serviços essenciais de interesse público”.

Na quinta-feira, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, disse no Parlamento, no debate sobre a reestruturação do SEF marcado a propósito de um projecto de resolução do CDS-PP, que a requisição civil, decidida nesse dia em Conselho de Ministros, tinha sido solicitada pelo Governo Regional da Madeira e pela generalidade de autarcas de áreas turísticas “como preocupação de segurança nacional”.

Eduardo Cabrita considerou “absolutamente inaceitável e irresponsável a greve” anunciada por um dos sindicatos do SEF.

“A greve é um grave atentado à segurança nacional, é inadmissível num quadro de uma situação de calamidade em que cabe também ao SEF verificar as condições de segurança sanitária, designadamente se os cidadãos que chegam a Portugal têm ou não os testes de diagnósticos de covid-19”, sublinhou.

No mesmo dia, Eduardo Cabrita anunciou que o diploma orgânico que vai criar o novo Serviço de Estrangeiros e Asilo (SEA), que vai suceder ao SEF, vai ser aprovado até ao final do primeiro semestre deste ano.

A resolução do Conselho de Ministros que define as orientações políticas para a criação do SEA foi publicada em 14 de Abril em Diário da República e estabelece “as traves-mestras de uma separação orgânica muito clara entre as funções policiais e as funções administrativas de autorização e documentação de imigrantes”.

A resolução, que formaliza a intenção do Governo, determina quais as atribuições de natureza policial do SEF que vão transitar para a Guarda Nacional Republicana, Polícia de Segurança Pública e Polícia Judiciária, bem como as competências que vão passar para o Instituto dos Registos e Notariado, ficando o novo SEA com “atribuições de natureza técnico-administrativa”.