Vamos falar de inteligência emocional

Não interessa o quão inteligente uma pessoa é: se não possuir competências emocionais e não souber gerir as suas emoções não vai chegar muito longe.

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Falar sobre inteligência emocional é cada vez mais pertinente e urgente, especialmente num contexto de pandemia onde o cenário aparenta ser mais crítico, uma vez que o isolamento de adultos e crianças está a ter um impacto negativo na saúde emocional.

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Falar sobre inteligência emocional é cada vez mais pertinente e urgente, especialmente num contexto de pandemia onde o cenário aparenta ser mais crítico, uma vez que o isolamento de adultos e crianças está a ter um impacto negativo na saúde emocional.

A inteligência emocional é, e sempre será, fulcral para o nosso bem-estar e sucesso enquanto pessoas, mas quantos de nós valorizamos a inteligência emocional? Quantos de nós sabemos lidar com as nossas próprias emoções? Quantos de nós estamos verdadeiramente preocupados em ensinar isso às nossas crianças? Eu diria que muito poucos.

A inteligência emocional é a nossa capacidade para reconhecer e lidar com as emoções e os sentimentos. O nosso sucesso pessoal e profissional depende mais dela do que da inteligência cognitiva. Como enfatiza o pai da inteligência emocional, Daniel Goleman, não interessa o quão inteligente uma pessoa é: se não possuir competências emocionais e não souber gerir as suas emoções não vai chegar muito longe.

Num mundo cada vez mais global, onde as redes sociais dominam o nosso dia-a-dia, as nossas relações e os nossos negócios, o que é valorizado é parecer sempre perfeito, realizado e feliz, mesmo que isso não seja real. No meio disto, como se encontra a nossa saúde emocional? Como (re)agir quando os obstáculos, tristezas, desgostos e lutos despontam na nossa vida?

Durante a nossa infância e adolescência, poucas pessoas e instituições se preocuparam em ensinar-nos como educar e cuidar das nossas emoções, como lidar com as nossas fragilidades e momentos mais nublosos da nossa vida. Num mundo onde existe uma necessidade incessante de mostrar aos outros que estamos sempre felizes, acabamos por não lidar com o que nos acontece na vida, e isso, mais cedo ou mais tarde, faz-nos colapsar porque passamos à frente uma fase crucial que precisava de ser vivida e sentida. Essa fase é, muitas vezes, uma fase difícil e morosa, mas necessária à nossa sanidade mental, bem-estar e desenvolvimento pessoal.

As depressões e ansiedades, as chamadas “doenças do século XXI”, têm vindo a aumentar ano após ano, cada nova geração tem maior probabilidade de sofrer de depressão do que a geração anterior. Quer isto dizer que há cada vez mais casos de depressão e ansiedade em crianças e adolescentes. Poucas pessoas têm a consciência da relação dessas patologias com o seu analfabetismo emocional, com a falta de capacidade de parar, de chorar, de aceitar e de gerir as suas emoções.

O desenvolvimento da inteligência emocional pode, e deve, acontecer ao longo da vida; as emoções podem, e devem, ser educadas, treinadas tal como fazemos com os nossos músculos. Pessoas com uma elevada inteligência emocional, que aprendem a gerir as suas emoções, têm uma vida mais rica, com menos níveis de ansiedade e stress, com um maior equilíbrio emocional, uma maior capacidade de tomar decisões, uma maior auto-estima e um maior autocontrolo.

Torna-se crucial para todos nós, assimilar e aceitar que a vida é dual, que existirão sempre os dias bons e os dias menos bons, a alegria e a tristeza, e que não temos de, nem podemos, estar sempre bem. É urgente aprender a viver e a aceitar os dois lados da vida, abraçar aquilo que nos acontece. É urgente parar, consagrar tempo a nós mesmos para arrumar a mente e o coração, curar as feridas e depois regressar desse processo mais fortes, mais seguros e mais resilientes. Pela nossa saúde e pelo nosso bem-estar emocional e psicológico.

Ensinem isso às vossas crianças, aprendam a fazer isso a vocês mesmos, se não souberem, tenham a ousadia de pedir ajudar. Pelo bem de todos. Pelo bem do mundo.