É necessário “controlo rigoroso de fronteiras” para evitar disseminação de variante indiana
“É expectável que os vírus que agora estão a circular tenham mutações que conseguem ludibriar o sistema imunitário”, alerta João Paulo Gomes do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge que apresentou os dados sobre as variantes genéticas do covid-19 presentes em Portugal.
O crescente aumento da variante indiana em Portugal indica a “necessidade de controlo rigoroso de fronteiras”, avisou esta sexta-feira João Paulo Gomes, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, na reunião do Infarmed.
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O crescente aumento da variante indiana em Portugal indica a “necessidade de controlo rigoroso de fronteiras”, avisou esta sexta-feira João Paulo Gomes, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, na reunião do Infarmed.
“É expectável que exista disseminação comunitária” desta variante, afirmou. “O número de introduções muitíssimo elevado” foi causado por “pessoas que foram à Índia e ao Nepal” e “indicam necessidade de controlo rigoroso de fronteiras”, afirmou, na apresentação de dados sobre as variantes genéticas do covid-19 presentes em Portugal.
“Não sabíamos o que esperar” da variante indiana porque “apareceu numa altura em que a população portuguesa já tinha um certo grau de imunidade” seja através da infecção seja através da vacinação. “Foi surpreendente” não termos casos em Abril e em Maio “termos quase 5%”, algo que reflecte a “adaptação do vírus à situação imunológica da população”, explicou.
“O vírus esta a adaptar-se a uma população cada vez mais imunizada. É expectável que os vírus que agora estão a circular tenham mutações que conseguem ludibriar o sistema imunitário”, afirmou o especialista.
A variante do Reino Unido ainda é a que causa a maioria dos casos sequenciados em Portugal, mas a variante indiana já causou pelo menos 37 casos e representa 4,6% das amostras sequenciadas em Portugal.
De acordo com os dados apresentados, a variante do Reino Unido atingiu o seu máximo em Abril (com 91%) e diminuiu ligeiramente para 87% em Maio, a de Manaus (Brasil) estabilizou-se em Maio, com 3%, após ter registado um pico de 4% das infecções sequenciadas. A variante da África do Sul atingiu o seu pico em Março e em Maio representava cerca de 2% das infecções.
Quanto à variante indiana, o especialista explicou que há três variantes indianas, mas que se apresentam aqui apenas os dados da única considerada “variante de preocupação” pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC). Não se detectaram casos em Abril, mas em Maio 4,6% já fazem parte desta variante. Esta percentagem corresponde a 37 amostras, mas o especialista salienta que “estes são apenas os casos confirmados em laboratório”. Entre 3 e 11 de Maio, houve cerca de 3500 casos de covid-19 em Portugal. Estes 4,6% poderão corresponder, de acordo com estimativas dos especialistas, a 160 casos associados a esta variante.